Esclarecendo alguns mal entendidos acerca do criacionismo

Em tempos em que a verdade tem se tornado relativa, a cosmovisão cristã traz uma base única e forte: Deus como o Criador

Dentro do contexto social e cultural em que vivemos, imersos nas redes sociais, tem sido bastante desafiador dialogar de forma autêntica. Muitas pessoas se escondem atrás de avatares e, quando se expressam, frequentemente repetem, como um disco riscado, ideias equivocadas propagadas por pseudoinfluenciadores. Por isso, tem sido uma tarefa árdua distinguir o fato da distorção e a verdade da mentira. O resultado é uma espécie de dissonância cognitiva coletiva.

Dentro da área da ciência, a história não é muito diferente. O conceito de verdade se tornou um terreno de disputa. Ao longo dos séculos e influenciados por distintas correntes filosóficas, o conceito de verdade tornou-se fluido: paradigmas que em determinada época foram considerados inquestionáveis, se revelaram equivocados. Um exemplo marcante é a crença no geocentrismo. Durante séculos, acreditou-se que a Terra era o centro do Universo, uma convicção sustentada até ser derrubada pelas observações de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Johannes Kepler. Os cientistas, portanto, redefinem continuamente o que se entende por verdade conforme novos conhecimentos surgem.

Já para aqueles que possuem a cosmovisão cristã, a verdade não é relativa nem transitória. Ela se ancora em Deus e Sua palavra como fonte absoluta, independentemente de variações culturais ou interpretações humanas. Essa compreensão oferece um senso de propósito que vai além da mera sobrevivência: orienta decisões, molda valores e dá sentido à existência.

Naturalismo e criacionismo: duas cosmovisões concorrentes

Atualmente, duas cosmovisões disputam espaço na interpretação da realidade: o naturalismo, que é um pressuposto básico da cosmovisão evolucionista, e o criacionismo, característica da cosmovisão bíblico-cristã.

O naturalismo sustenta que todos os fenômenos podem ser explicados sem recorrer a agentes sobrenaturais ou a um Criador. Nessa perspectiva, as ferramentas da ciência seriam suficientes para descrever e explicar a origem e o funcionamento do Universo. O criacionismo, por outro lado, combina pressupostos bíblicos e filosóficos à análise científica, reconhecendo como plausíveis hipóteses que o naturalismo descarta por princípio. Essa abordagem interpretativa amplia o horizonte de leitura dos dados, permitindo que fósseis, rochas ou evidências geológicas sejam entendidos sob diferentes lentes, sem que determinadas hipóteses sejam negadas.

A herança científica da cosmovisão cristã

Embora muitas vezes caricaturada como anticientífica ou pseudociência (o que é um equívoco), a cosmovisão cristã criacionista desempenhou papel central na construção dos pilares da ciência moderna. Cientistas como Copérnico, Galilei, Kepler e Newton desenvolveram suas teorias movidos pela convicção de que a natureza refletia a racionalidade e a ordem do Criador. Estudar os fenômenos naturais era, para eles, uma forma de compreender a mente divina.

Um exemplo marcante é o de Isaac Newton. Em uma carta enviada em 1692 a um amigo, Richard Bentley, Newton afirmou que o objetivo de seus estudos (como em seu célebre livro Princípia), era levar as pessoas a pensarem e acreditarem em Deus. Ele registrou: “Quando escrevi meu tratado sobre nosso sistema, eu tinha em mente princípios que pudessem funcionar na consideração dos homens quanto à crença em uma Divindade; e nada pode me alegrar mais do que considerá-lo útil para esse propósito.”¹

Testemunhos como esse evidenciam que fé e ciência não precisam ser vistas como opostas. Pelo contrário, são abordagens complementares: enquanto a ciência busca explicar como os fenômenos acontecem, a fé aponta para o quem e o propósito responsável pela ordem observada no Universo.

Mesmo nesse contexto, ainda há quem defenda que não é possível realizar pesquisa científica de qualidade levando em conta, por exemplo, o relato bíblico a respeito das origens. A cosmovisão criacionista, com frequência, é alvo de críticas sendo muitas vezes rotulada como pseudociência ou associada à Teoria do Design Inteligente, vista por alguns como criacionismo disfarçado.

A seguir serão discutidas quatro críticas comuns direcionadas à cosmovisão criacionista e por que elas não fazem o menor sentido.

1. Criacionistas ignoram evidências evolutivas

Uma crítica comum dirigida ao criacionismo é a de que seus defensores ignoram as chamadas “evidências evolutivas”. No entanto, é importante destacar que não existem “evidências evolutivas” ou “evidências criacionistas”: evidência é evidência. Um fóssil, por exemplo, não pode ser rotulado como evolucionista ou criacionista. Ele é simplesmente um fóssil. O que pode variar é a interpretação feita pelo cientista que o estuda, seja a partir da perspectiva evolucionista, seja da criacionista.

Um exemplo ilustrativo é o de um plesiossauro exposto no Museu de História Natural de Londres. Esse animal foi preservado quase completo, com as partes ainda articuladas, o que sugere que foi soterrado rapidamente. Caso tivesse permanecido exposto, teria sido consumido por organismos detritívoros e sido desmembrado com o tempo. Para que um fóssil como esse fosse preservado de forma tão íntegra, era necessário um soterramento rápido. A cosmovisão criacionista interpreta esse processo como resultado da grande catástrofe do Dilúvio, enquanto a perspectiva evolucionista o entende como eventos localizados ocorridos no passado, sem implicações globais.

Fóssil de plesiossauro em exibição no Museu de História Natural de Londres. (Foto: Arquivo pessoal)

2. O criacionismo foi refutado pela evolução

Muitos críticos afirmam que o criacionismo teria sido refutado pela evolução, mas antes de aceitar tal afirmação é fundamental esclarecer o que se entende por evolução, já que o termo é frequentemente usado de maneira imprecisa. Em sentido amplo, e como foi estabelecido pelo próprio Darwin, evolução significa descendência com modificação, isto é, quando indivíduos transmitem características às gerações seguintes com pequenas variações. Exemplos como as diferenças no formato do bico dos tentilhões ou as variações no casco entre as tartarugas gigantes das Ilhas Galápagos ilustram esse processo.

Tais mudanças, conhecidas como microevolução, correspondem a variações dentro de uma mesma espécie, algo que os criacionistas não negam. As diversas raças de cães, que vão do pug ao husky, são um exemplo claro: todos pertencem à mesma espécie (Canis lupus), mas apresentam ampla diversidade em tamanho, força e adaptação. Essas variações surgiram ao longo do tempo, estimuladas pela seleção artificial conduzida pelo ser humano.

Para o criacionismo, tais processos são possíveis porque entende-se que Deus criou os seres vivos com capacidade de adaptação, embora dentro de limites. Em contraste, os evolucionistas defendem também a existência de macroevolução, ou seja, mudanças em escala muito maior, capazes de gerar novos grupos de organismos a partir de ancestrais comuns. Nessa perspectiva, a seleção natural, ao longo de milhões de anos, poderia originar novas formas de vida, como os T-Rex dando origem, após milhões de anos, a aves como as galinhas. Contudo, criacionistas consideram essa interpretação insustentável, pois não há evidências observacionais conclusivas e o registro fóssil apresenta lacunas significativas.

Assim, enquanto a teoria evolucionista se baseia na ideia de uma única árvore da vida, o criacionismo propõe a baraminologia², segundo a qual Deus criou diferentes tipos básicos de organismos, comparáveis a um pomar, em que cada grupo pode se diversificar internamente, mas sem ultrapassar os limites estabelecidos na criação.

Representação esquemática do surgimento da diversidade da vida na perspectiva evolutiva Darwinista (A – árvore da vida), representando o gradualismo com apenas um único ancestral comum universal; e a representação criacionista com vários tipos básicos ancestrais (B – Pomar da vida), dando origem a descendentes dentro de limites. Adaptado pela autora de orchardoflifescience.com

3. Criacionismo é Design Inteligente disfarçado

Recentemente, a revista Superinteressante publicou um texto criticando o Design Inteligente, classificando-o como “uma pseudociência criacionista que tenta se infiltrar nas escolas”³. Contudo, é preciso esclarecer que criacionismo não é pseudociência, nem Design Inteligente disfarçado: tratam-se de perspectivas distintas. O Design Inteligente é apresentado por diversos teóricos, como Michael Behe e Stephen Meyer, que defendem ser possível utilizar o método científico para identificar evidências de um designer na natureza. Entre os critérios utilizados, destacam-se os conceitos de complexidade irredutível e a de informação especificada.

O conceito de complexidade irredutível é frequentemente ilustrado pelo exemplo da ratoeira: se qualquer uma de suas peças falhar ou estiver ausente, o mecanismo deixa de cumprir sua função. De maneira análoga, sistemas biológicos como a estrutura propulsora do flagelo bacteriano ou o complexo enzimático da ATP sintase dependem da presença e do funcionamento adequado de todos os seus componentes. A ausência ou o defeito de uma única parte compromete todo o sistema, impossibilitando seu funcionamento.

Se o gradualismo é real, esses sistemas não poderiam ser formados ao longo dos milhões de anos, pois seriam eliminados pela seleção natural. Já o conceito de informação especificada se refere à informação presente nos seres vivos, como o código do DNA. Essas moléculas não poderiam ter surgido unicamente por meio da seleção natural, já que esta não teria capacidade de gerar informação nova com esse nível de organização. Assim, o Design Inteligente busca analisar processos naturais e avaliar se é mais provável que tenham sido resultado de uma causa inteligente do que por mecanismos puramente naturais, sem assumir compromisso direto com a identidade desse designer.

O criacionismo, por sua vez, é uma cosmovisão que reconhece esse designer como o Criador revelado nas Escrituras e envolve uma dimensão de fé racional com base em evidências fornecidas pelo método científico. Portanto, embora ambos critiquem limitações da teoria evolutiva, não podem ser confundidos. Há inclusive pessoas agnósticas ou sem vínculo religioso que aceitam o Design Inteligente sem se identificarem como criacionistas. Por isso, ao se reduzir o debate a uma associação simplista entre criacionismo e Design Inteligente, corre-se o risco de incorrer em falácias, em vez de promover uma discussão consistente sobre as fragilidades e implicações de cada perspectiva.

4. Criacionismo é religião, não tem base científica

O criacionismo não é uma religião em si, mas uma cosmovisão. Enquanto existem diversas denominações religiosas, o criacionismo se caracteriza por compreender que há evidências científicas, históricas e arqueológicas que dão suporte à fé no relato bíblico da criação — não apenas no livro de Gênesis, mas em toda a Bíblia como um conjunto coerente e digno de confiança. Além disso, reconhece que a própria natureza, em suas dimensões visíveis e invisíveis, aponta para o Criador.

Como afirma o salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmos 19:1-2). De forma semelhante, Paulo escreve: “Os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, são vistos claramente desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1:20). Isso mostra que não é necessário que Deus faça um discurso direto; pela observação e pelo estudo da natureza é possível reconhecer Sua intervenção na vida dos seres criados. A fé, portanto, não deve ser cega, mas fundamentada em evidências que apelam à razão humana, como o apóstolo Paulo afirma em Romanos 12:1 ao exortar ao culto racional.

Assim, o criacionismo é uma cosmovisão sustentada por múltiplos tipos de evidências, incluindo as científicas, que revelam ordem e propósito no universo. Da mesma forma que não vemos a gravidade ou as leis que regem o movimento dos planetas, mas as reconhecemos por meio de cálculos e observações, também compreendemos que onde há leis, há um legislador.

É interessante perceber que as críticas ao criacionismo e os debates entre defensores do Design Inteligente e da teoria da evolução revelam muito mais do que uma simples disputa de evidências: eles mostram como diferentes perspectivas moldam nossa compreensão da realidade, inclusive no que diz respeito à existência ou não do transcendente. Diante disso, podemos ser tentados a adotar uma postura combativa, como se a aceitação da nossa cosmovisão dependesse unicamente da nossa habilidade de argumentação e persuasão. No entanto, é fundamental lembrar de dois pontos essenciais. Primeiro, não somos nós, mas a ação do Espírito Santo que convence as pessoas (João 16:8). Segundo, por trás das discussões sobre criação e evolução existe um pano de fundo maior: o grande conflito.

Nosso adversário não é aquele com quem dialogamos, mas Satanás. Por isso, nossa preparação deve ir além dos argumentos científicos e filosóficos, incluindo também o estudo profundo da Palavra de Deus. Assim, mesmo que o resultado imediato não seja o esperado, podemos ter a certeza de que estamos acompanhados pelo maior e melhor aliado: o nosso Criador.

(Maura Brandão é bióloga e doutora em Ciências pela USP; texto publicado no portal de notícias da DSA)

Referências:

[1] Carta original de Isaac Newton para Richard Bentley. The Newton Project . 10 de dez de 1692. University of Oxford, publicado online em out de 2007. Disponível em: https://www.newtonproject.ox.ac.uk/view/texts/normalized/THEM00254. Acesso em: 31 ago. 2025.

[2] MARSH, Frank L. Variation and fixity in nature. Creation Research Society Quarterly, v. 11, p. 60-68, jun. 1974.

[3] Bruno Carbinato. O que é “design inteligente”, a pseudociência criacionista que tenta se infiltrar nas escolas. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-que-e-o-design-inteligente-a-pseudociencia-criacionista-que-tenta-se-infiltrar-nas-escolas/. Acesso em 20 de ago de 2025.Amazon

Uso político do criacionismo?

Recentemente, uma matéria da Revista Fórum argumentou que o criacionismo tem sido instrumentalizado pela “extrema direita global” como ferramenta política, especialmente sob o discurso de “valores cristãos” e combate à “doutrinação ideológica”. Será que esse é o propósito do movimento criacionista em si? A resposta, especialmente no contexto da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) citada no texto, é: NÃO.

1. Crença vs. ativismo político: O que é o criacionismo?

O criacionismo, por definição, é a crença de que o Universo, a Terra e a vida foram criados por um agente sobrenatural, com intuito e propósito, e não fruto de processos puramente cegos e aleatórios. No Brasil, a SCB – fundada em 1972 consciente de seu vínculo denominacional e voltada ao estudo bíblico-científico – tem como foco central o ensino e a pesquisa em defesa do design inteligente e da visão bíblica da origem da vida, e não a promoção de agendas políticas.

2. Quando indivíduos usam crenças para fins políticos

É importante reconhecer que alguns políticos ou grupos podem usar a bandeira do criacionismo para avançar pautas conservadoras, transformando uma crença legítima em instrumento de controle cultural. Mas isso não caracteriza o movimento como um todo. Em entrevistas e palestras, já destaquei que a liberdade religiosa inclui o direito de exercer crenças sem que isso implique coerção nem imposição nas esferas públicas e escolares, princípio também defendido por acadêmicos cristãos e estudiosos de direitos humanos.

3. Comparação histórica: como Darwin foi usado politicamente

Antes de a teoria evolucionista se popularizar, ela já foi utilizada para justificar ideologias políticas, como o darwinismo social e, sim, até o nazismo. Mas ninguém afirma que o darwinismo é equivalente ao nazismo. Do mesmo modo, não é porque algumas correntes políticas utilizam o criacionismo como justificativa ideológica que isso torna o criacionismo inerentemente extremista ou autoritário.

4. SCB defendeu seriedade intelectual

Ao contrário de teorias conspiratórias ou pseudociências, a SCB já publicou documentos explícitos repudiando interpretações extremas como a Terra plana, deixando claro que rejeita distorções científicas ou religiosas extremistas. Ela prioriza a discussão de temas como datações geológicas, genética e sistemas biológicos, sempre ressaltando responsabilidade acadêmica e integridade científica.

5. Por que essa confusão?

Parte do problema vem da má compreensão pública do que exatamente o criacionismo defende. Muitos críticos confudem linhas de pensamento diferentes – criacionismo da Terra jovem, design inteligente, criacionismo teísta – e acabam pintando o movimento com uma tinta uniforme. Isso leva ao erro de associá-lo automaticamente com projetos políticos de direita ou conservadores. A verdade é que existem criacionistas em diferentes espectros teológicos e políticos, inclusive dentro da academia cristã moderada.

Conclusão

O uso político que alguns fazem do criacionismo é real, mas isso não define o movimento como um todo. A Sociedade Criacionista Brasileira preocupa‑se com a defesa da Bíblia e do entendimento da criação como intencional, não com legislar moralismos ou centralizar o ensino religioso nas escolas públicas. É possível sustentar crenças religiosas com convicção, consciência e diálogo aberto, sem conflito com o Estado laico ou os direitos civis.

Assim como não julgaríamos a evolução com base nos abusos dos regimes totalitários que a utilizaram, não devemos julgar o criacionismo com base nas agendas políticas de certos setores. É necessário critério, respeito à pluralidade e uma leitura justa da proposta criacionista: uma alternativa intelectual e religiosa que oferece significado, não controle.

O que há de ciência e de preconceito de classe por trás do criacionismo

Hoje em dia predomina a ideia de que ciência e religião não têm nada a ver uma com a outra. E, entre os mais esclarecidos, não é difícil encontrar quem tome o ateísmo como sinal de superioridade intelectual. Com o ativismo do cientista Richard Dawkins, somos levados a tomar a crença em Deus por mera demência ou puro delírio, decerto um demérito. Essa mentalidade que separa teístas atrasados de ateus científicos é recente e só prosperou no século 19. Seu primeiro expoente foi Auguste Comte, para quem a crença em Deus era uma fase da Humanidade a ser superada pela ciência. Tendo o amor como base, a ordem como meio e o progresso como fim, a Humanidade deixaria a crença em Deus para trás e adotaria a religião laica que cultua a Humanidade.

No mesmo século apareceu Marx, que também enxergava um futuro tecnológico e ateu para o homem. Para ele, a religião é ópio e a chave da história é a posse dos meios de produção, que são inventados e aprimorados por técnicos.

Essa visão, porém, encontra tão pouco amparo na realidade humana e na história da ciência que merece ela própria ser chamada de delírio ideológico. Um ateu científico que desdenhe da visão religiosa do mundo rechaçará, com razão, o criacionismo. Mas que explicação para a origem do Universo colocará em seu lugar? O Big Bang, a teoria criada pelo padre Georges Lemaitre, que deu uma contribuição à ciência maior do que a de qualquer ateu militante. Ser ateu não implica ter uma mente científica. Ser um religioso não implica ter uma mente anticientífica. […]

E a ciência é compreendida como uma escolástica ateia monopolizada por um grupo social de prestígio, localizado sobretudo na universidade pública. E, como os evangélicos são pobres ou nouveaux riches, a Ciência é monopólio de um grupo que necessariamente os exclui.

Perante um professor das universidades públicas, o brasileiro “esclarecido” terá deferência, pois nele vê o representante da ciência. Mas, se o professor universitário defender o criacionismo, serão irrelevantes todas as suas credenciais acadêmicas e até as da instituição. Isso revelará que ele é um crente, logo, uma pessoa sem nível, logo, um falso cientista.

O brasileiro, porém, não admitirá nunca o preconceito de classe. E, em vez de xingar os crentes de pobres e cafonas, preferirá xingá-los de obscurantistas e ignorantes, enquanto os pinta como homens brancos cis hétero para mascarar o classismo. No final das contas, o brasileiro “esclarecido” ouve bovinamente os cientistas dizerem que pesticida agrícola é machista, que ser homem ou mulher não tem nada a ver com biologia, que tribunais raciais são eficazes e morais, que o comunismo ainda não foi testado o suficiente, que a pobreza só existe por causa da maldade dos ricos e uma centena de outras bobagens – porque são bobagens autenticadas por pessoas de condição social prestigiosa.

Mas o criacionismo não, porque é coisa de pobre.

Para mostrar como é descabido o preconceito brasileiro, nada melhor do que apontar Isaac Newton, um evangélico fervoroso que pretendia enaltecer a obra do Criador com seus estudos. E que foi, inclusive, uma espécie de patrono intelectual do criacionismo.

Numa época em que teologia, filosofia (ou metafísica) e física (ou filosofia natural) eram todas vistas como conexas, a criação de uma nova física implicava um desacordo com teologias e metafísicas estabelecidas. A universidade católica e o mundo ibérico (Brasil incluso) se mantiveram os mais fechados possíveis na escolástica. Na França, porém, o cartesianismo conquistou físicos, matemáticos e teólogos. Assim, o surgimento da física newtoniana causou uma guerra de papel entre a Inglaterra e a França (à qual se aliou um bravo alemão, Leibniz, recrutado para as suas hostes).

Se os cartesianos derivavam o mundo de Deus a partir da lógica, Newton reivindicava a façanha oposta: a partir da experiência, derivar do mundo o seu Criador. Newton apresentava as maravilhas da ótica por ele descobertas e perguntava: “Terá sido o olho engendrado sem perícia em ótica? E o ouvido, sem o conhecimento dos sons?” Dando por certo que não, Newton concluía ser “manifesto que um Ser incorpóreo, vivente, inteligente, onipresente, que, no espaço infinito […] vê intimamente as coisas em si mesmas”.

Morto Newton, os teólogos ingleses insistiram na ideia de uma “teologia experimental” que usava as maravilhas da natureza para provar a existência de um grande Artífice. Nomes-chave para esse movimento são as Boyle Lectures e o Bispo Joseph Butler.

Vem daí o criacionismo cristão que é bradado por pastores das nossas periferias: do newtonianismo. O criacionismo hoje anda pelas favelas brasileiras, mas o seu berço é a Royal Society. E, se recuarmos mais no tempo, encontramos outra origem ainda mais nobre: a Grécia antiga.

A Renascença trouxe aos europeus uma torrente de filosofias antigas, das quais duas foram extremamente populares na Antiguidade tardia: o estoicismo, de Zenão de Cítio, e o epicurismo, de Epicuro. Os estoicos enxergavam uma natureza perfeitamente ordenada e tomavam a própria perfeição da ordem natural como prova do seu engendro racional por uma divindade muito sábia. Os epicuristas eram seus opositores.

Para eles, o mundo é caótico, os deuses são parte da natureza e vivem em eterno estado de gozo, indiferentes à Humanidade. No mundo, só há átomos em movimento e vazio, e tudo o que existe é fruto do movimento dos átomos. As formas mais resistentes que surgem duram mais, enquanto as outras perecem logo.

Era uma filosofia pré-darwinista e praticamente ateia, mas nada impediu que cristãos – até Newton – pensassem em átomos e acreditassem neles. Do mesmo jeito que ateus militantes acreditam na física newtoniana e no Big Bang.

Talvez Newton não tivesse sido capaz de pensar a sua física sem imaginar o mundo como um relógio criado por um Relojoeiro. Talvez Dawkins não tivesse sido capaz de pensar no seu gene egoísta sem uma cosmovisão ateia. Ao cabo, a ciência é um tesouro da humanidade em que cooperam evangélicos fervorosos, ateus militantes, católicos e gente das mais variadas cosmovisões. Que aprendamos, então, a não substituir o exame de ideias por um mal disfarçado preconceito de classe.

O criacionismo é muito mais bem-nascido do que as muitas teorias que são moda na universidade – e ainda assim é falso. Será que somos tão bem embasados na aceitação de teorias chiques quanto na recusa da teoria dos crentes?

(Bruna Frascolla é ensaísta e doutora em Filosofia; Gazeta do Povo)

Fundador da Sociedade Criacionista Brasileira foi diretor da Fapesp

Com a indicação do criacionista e defensor da Teoria do Design Inteligente Benedito Guimarães de Aguiar Neto para a direção da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) [em 2020], grande polêmica foi criada nos meios de comunicação brasileiros e até do exterior. Benedito é engenheiro eletricista (1977) e mestre em engenharia (1982) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Cursou o doutorado (1987) na Technische Universität Berlin, na Alemanha, e o pós-doutorado (2008) na University of Washington, nos Estados Unidos; além disso, foi reitor da prestigiada Universidade Mackenzie, de São Paulo. Mesmo com esse currículo respeitável e com uma carteira de grandes contribuições para o avanço do conhecimento e da cultura, ele foi alvo de críticas injustas e precipitadas. Por quê? Porque em lugar de pensar que a vida teria contrariado os fatos e surgido por acaso, Benedito acredita que vida proveio de vida, ou seja, um Criador a trouxe à existência. E isso foi suficiente para a “geração espontânea” de várias notas de repúdio.

É bom lembrar que alguns anos atrás outro criacionista dirigiu uma agência de fomento à pesquisa, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Veja o que diz o site da instituição:

“Natural de São Carlos, interior paulista, Ruy Carlos de Camargo Vieira (1930-) é engenheiro mecânico e eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) em 1953. Trabalhou dois anos no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) antes de ingressar como professor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Participou da criação do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada da EESC. Em 1972, Vieira mudou-se para Brasília para integrar a Comissão de Especialistas em Ensino de Engenharia do Departamento de Assuntos Universitários do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que acompanha e avalia as escolas de engenharia. Durante sua gestão como diretor científico na Fapesp, avançaram os projetos especiais como o RADARSP II e a implantação de biotérios nas universidades públicas. Foi também a época da implantação da Emenda Leça [que assegurou a regularidade do repasse dos recursos para a Fapesp e para os pesquisadores e estudantes com projetos ou bolsas aprovados]. Autor de livros e artigos sobre ciência e religiosidade, Vieira foi um dos fundadores da Sociedade Criacionista Brasileira, em 1972.”

Note que o site até menciona o fato de o Dr. Ruy ter sido um dos fundadores da SCB, o que de forma alguma desmerece todas as conquistas dele à frente da instituição.

Dr. Ruy Vieira também representou o MEC no Conselho da Agência Espacial Brasileira e foi membro do Conselho Federal de Educação, entre outras muitas atribuições. Ou seja, um homem competente, culto, dedicado, humilde (e posso atestar tudo isso, pois tenho o privilégio de conhecê-lo pessoalmente) e que deixou um rastro de boas realizações por onde passou.

Num Estado laico, qualquer pessoa, independentemente de sua fé ou da falta dela, tem direito de exercer sua cidadania e servir ao País, desde que tenha competência para ocupar o cargo específico para a qual foi chamada. Que o tempo e as realizações falem por si mesmos.

Michelson Borges

Leia também: “Imprensa e academia mais uma vez manifestam preconceito contra o criacionismo e a TDI”, “A grande imprensa e a academia detonariam César Lattes” e “Conteúdos úteis na atual discussão sobre criacionismo acirrada pelo Jornal Nacional

Criacionismo é racista?! Ok, vamos falar de racismo

Neste texto, vou comentar brevemente o artigo “As relações estreitas entre criacionismo, escravidão e racismo”, da historiadora Luciana Brito. Ela é professora da Universidade Federal do Recôncavo e também integra uma organização de mulheres chamada Rede de Mulheres Negras da Bahia. Luciana começa falando sobre o mito da criação na cultura do candomblé. Fala do papel de Yemanjá (deusa das águas), Obalatá (céu) e Oduduá (terra). E então afirma: “Esse é um mito, um dos vários que explicam a ‘criação’ e servem unicamente para explicar a origem do mundo sob uma determinada perspectiva religiosa. Mas e o criacionismo? Por que essa mitologia cristã que explica a criação do mundo tem, cada vez mais, se deslocado do lugar de metáfora para ser uma ideologia norteadora de governos conservadores, orientando políticas públicas, sobretudo na área da educação?”

Deixando de lado o aspecto político da coisa, é bom, antes de mais nada, lembrar uma das definições de criacionismo: estrutura/modelo conceitual que adota para o estudo da natureza a possibilidade da existência de um Criador. A vida teria sido criada inicialmente complexa, completa e funcional, em tipos básicos de seres vivos dotados do aporte necessário para sofrer diversificação limitada ao longo do tempo. Existem três principais ramificações distintas dentro do criacionismo: a religiosa, a bíblica e a científica. O criacionismo científico parte da pesquisa científica, no sentido de identificar evidências de design intencional na natureza – mais ou menos como fazem os investigadores criminais, que lidam com pistas em busca do culpado. Portanto, criacionismo nada tem que ver com mitos de criação ancestrais.

A Dra. Luciana Brito sustenta em seu artigo que “teorias como o criacionismo desde sempre foram utilizadas para justificar projetos políticos de organização da sociedade. Nos Estados Unidos do início do século 19, por exemplo, teorias criacionistas estavam de ‘mãos dadas’ com as teses que defendiam a escravidão e a segregação racial”. Então ela cita algumas pessoas que, de fato, defendiam ideias escravagistas, como Thomas R. Dew, professor universitário da Virginia que acreditava que “negros tinham hábitos e sentimentos de escravos, enquanto os brancos carregavam em si, naturalmente, o comportamento de senhores”.

Segundo ela, “teses baseadas no Antigo Testamento foram amplamente utilizadas para justificar a escravidão”. E cita outro historiador: George Fredrickson, autor do livro The Black Image in the White Mind (A Imagem Negra na Mente Branca, em tradução livre), que se vale da história de Cam (filho de Noé) para discorrer sobre a maldição usada para justificar “o eterno estágio de submissão e servidão à qual estariam submetidas as raças africanas”. (Neste texto há uma explicação do porquê essa associação é falsa.)

Logo, a Bíblia e o criacionismo nada têm que ver com as ideias defendidas por Dew nem por Fredrickson.

Luciana diz também que “foi na década de 1850 que um grupo de cientistas percebeu que havia outro caminho para justificar a escravidão que não ferisse as escrituras bíblicas: o poligenismo”. E lembra que o cientista Louis Agassiz “acreditava que existiam ‘zonas de criação’, que haviam produzido, em partes do mundo distintas, quase ao mesmo tempo, diferentes espécies. A raça branca, por exemplo, seria aquela mais avançada, única que descendia de Adão e Eva. Agassiz afirmava que os negros, por sua vez, haviam surgido de uma outra criação, que produziu uma raça inferior, oriunda das regiões tropicais”.

Mais uma vez pergunto: O que a Bíblia e o criacionismo têm que ver com essa insanidade racista?

Então Luciana conclui dizendo que “Agassiz e sua teoria criacionista/poligenista só caíram em descrédito quando confrontadas com a teoria da evolução de Charles Darwin, que acabou ofuscando o suíço”.

Ok. Já que ela mencionou Darwin, que tal averiguar quais eram as ideias do naturalista inglês a respeito dos negros?

Vale a pena dar uma olhada no que ele escreveu em seu livro pouco conhecido e muito constrangedor The Descent of Man (A Descendência do Homem). Nessa obra de 1871 (portanto, posterior ao aclamado Origem das Espécies), Darwin afirma que a lacuna atual entre antropóides e humanos se encontra entre o gorila, do lado do macaco, e o negro ou aborígene australiano, do lado humano: “A ruptura entre homem e seus mais próximos aliados será então ampliada, pois irá intervir entre o homem em um estado mais civilizado, como podemos esperar, mesmo que o caucasiano e alguns macacos tão baixos quanto um babuíno, ao invés de como agora entre o negro ou australiano e o gorila” (capítulo 6, “On the affinities and genealogy of man”).

E aí? Deixou Agassiz no chinelo no que diz respeito a racismo, hein!

E já que estamos falando em preconceito, que tal uma olhadinha também no que Darwin escreveu sobre homens e mulheres?

“A distinção principal nos poderes mentais dos dois sexos reside no fato de que o homem chega antes que a mulher em toda ação que empreenda, requeira ela um pensamento profundo ou então razão, imaginação, ou simplesmente o uso das mãos e dos sentidos. Se houvesse dois grupos de homens e mulheres que mais sobressaíssem na poesia, na pintura, na escultura, na música (trate-se da composição ou da execução), na história, nas ciências e filosofia, não poderia haver termos de comparação. […] podemos também concluir que, se em muitas disciplinas os homens são decididamente superiores às mulheres, o poder mental médio do homem é superior àquele destas últimas” (A Origem do Homem e a Seleção Sexual, p. 649).

No início dos anos 2000, houve uma grande discussão sobre a devolução de cadáveres de africanos e aborígenes “empalhados” e expostos em diversos museus da Europa. Hoje, pouco se fala que o motivo de empalharem essas pessoas e as exibirem em museus era o fato de os evolucionistas as considerarem como estando mais abaixo na cadeia evolutiva (confira). 

“Há cinco anos, a mídia mundial concentrou sua atenção em Gaborone, no Botsuana, para assistir ao repatriamento de um cadáver. O corpo empalhado de um africano do século 19, que estava em exibição havia mais de um século em museus europeus, foi devolvido ao seu solo nativo. Populações indígenas fora da Europa, desde os ‘hotentotes’ do sul da África até os maori da Nova Zelândia, foram durante muito tempo objeto de investigação científica e antropológica europeia. Museus em todo o continente mantêm crânios, peles e órgãos dos povos que os impérios europeus dominavam. Grupos de aborígines na Austrália afirmam que pelo menos 8.000 conjuntos de aborígines permanecem sozinhos em instituições no exterior” (fonte). 

“Está registrado na história de Mackay, Queensland, que um colecionador estrangeiro fez um pedido a um soldado para que ele matasse um menino nativo para fornecer um exemplar completo com esqueleto, pele e crânio de um aborígene australiano” (The Sydney Morning Herald, 31 de janeiro de 1955, p. 2).

Viu só como ideias têm consequências? E essas aí não vieram da Bíblia nem do criacionismo.

No livro The Creationists, o pesquisador Ronald Numbers afirma que o criacionismo espalhou-se rapidamente durante o século 20, desde seu humilde começo “nos escritos de Ellen White”. Mark Noll também afirma que o criacionismo moderno emergiu dos esforços dos adventistas do sétimo dia. Portanto, um exercício interessante é o de comparar com as ideias de Darwin o que escreveu a contemporânea dele Ellen White, que, como sustentam Numbers e Noll, é uma das precursoras do criacionismo.

Sobre negros e brancos, ela escreveu: “O nome do homem de cor é escrito no livro da vida, ao lado do nome do homem branco. Todos são um em Cristo. Nascimento, posição, nacionalidade ou cor não podem elevar nem degradar os homens” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 342).

“Todos são um em Cristo.” Aqui Ellen ecoa as palavras do apóstolo Paulo, que escreveu: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28). Essa é a verdadeira visão antropológica criacionista bíblica.

E sobre mulheres e homens, Ellen escreveu: “Ao criar Eva, Deus pretendia que ela não fosse nem inferior nem superior ao homem, mas em todas as coisas lhe fosse igual. O santo par não devia ter nenhum interesse independente um do outro; e não obstante cada um possuía individualidade de pensamento e de ação” (Testemunhos Seletos, v. 1, p. 412).

Portanto, culpar o criacionismo pelas ideias e atitudes equivocadas de pretensos defensores do modelo é como culpar o cristianismo pela Inquisição católica, por exemplo. Para um criacionista, homens e mulheres têm o mesmo valor diante de Deus, pois foram criados assim por Ele, sendo ambos Sua imagem e semelhança. Para um criacionista, negros e brancos são uma só raça, a raça humana, pois descendem ambos do mesmo casal, Adão e Eva (que não eram brancos nem negros, pelo que se percebe no texto bíblico).

É lamentável quando o viés político se sobrepõe aos fatos criando distorções e aumentando o preconceito sobre algo que se desconhece.

(Michelson Borges é jornalista, pós-graduado em Biologia Molecular e mestre em Teologia)

Leia também: “Fermento racista” e “Humanidade sem raças”

Imitar a criação sempre requer inteligência

Um estudante de graduação do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos, desenvolveu um biochip capaz de construir moléculas de açúcar complexas e altamente especializadas, imitando o funcionamento de uma das mais importantes estruturas celulares do organismo humano, o Complexo de Golgi. O Complexo de Golgi é uma organela celular que finaliza o processo de síntese das proteínas, recobrindo-as com açúcares em arranjos altamente especializados. A molécula acabada, recoberta com os açúcares, é então despachada para a célula para ajudar na comunicação celular e na determinação da função da própria célula no interior do organismo.

O Complexo de Golgi artificial, construído por Jeffery Martin, funciona basicamente da mesma forma. O biochip se parece com um tabuleiro de xadrez, onde os açúcares, enzimas e outros materiais celulares básicos são suspensos em água, podendo ser transportados e misturados aplicando-se uma tensão elétrica nos quadros de destino do tabuleiro.

Esse processo permite a construção de açúcares de forma automatizada, utilizando ampla variedade de enzimas encontradas no Complexo de Golgi natural. Eles podem então ser testados em células vivas, seja no interior do próprio biochip ou em outros equipamentos no laboratório, de forma a se determinarem seus efeitos.

Com a capacidade oferecida pelo biochip, de processar inúmeras combinações de açúcares e enzimas, de forma rápida e automatizada, os pesquisadores poderão acelerar o processo de descobrimento de novos compostos químicos e de novos medicamentos.

Um dos campos promissores de utilização do novo biochip é na produção de heparina, um ácido produzido naturalmente no Complexo de Golgi, e um importante medicamento anticoagulante.

A principal fonte de heparina hoje são os intestinos de porcos, animais que também produzem o composto naturalmente. Artigos científicos recentes, contudo, alertaram sobre o risco de contaminação da heparina quando ela é extraída de animais. Por isso, cientistas do mundo todo estão trabalhando contra o relógio em busca de formas de produção da heparina que evitem sua contaminação.

(Inovação Tecnológica)

Nota: É interessante notar que sempre que o ser humano tenta copiar algum aspecto ou processo presente na criação, isso demanda tempo, dinheiro, tecnologia de ponta e… design inteligente. No entanto, alguns acreditam que a natureza poderia casualmente e de forma não dirigida/inteligente dar origem a esses processos supercomplexos. Incoerente, não? [MB]

Criacionistas fazem pesquisas sobre dinossauros na Bolívia

Entre as montanhas da Bolívia, cientistas e pesquisadores de várias partes do mundo se reuniram para um evento que une ciência e fé de forma singular. De 4 a 7 de setembro, a cidade de Cochabamba e o Parque Nacional Torotoro deram lugar ao 5º Encontro Sul-Americano de Fé e Ciência.

Organizado pela sede sul-americana adventista e pela Universidade Adventista da Bolívia (UAB), o encontro atraiu mais de 70 especialistas de oito países, incluindo palestras, workshops e uma expedição para estudar o maior registro de pegadas de dinossauros do planeta. Mais do que um simples evento científico, foi uma oportunidade para refletir sobre a harmonia entre a fé criacionista e a investigação científica.

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