A ironia Cooper: como a descrença leva à mais profunda idolatria

A série norte-americana The Big Bang Theory apresenta um grupo de jovens adultos cientistas profundamente interessados em questões científicas e existenciais – principalmente as que envolvem super-heróis. Ela foi ao ar entre 24 de setembro de 2007 e 16 de maio de 2019, acumulando 279 episódios e se tornando uma das séries de TV mais longas e bem-sucedidas da história. Seu protagonista é o excêntrico Sheldon Lee Cooper, um doutor em física fascinado pelos mistérios do Universo e estranhamente inclinado a falar mal de engenheiros e astronautas.

Sheldon é o típico cientista ateu que pensa que religião é coisa do passado. Ele e outros ao longo da série falam diversas vezes que “o evolucionismo não é opinião, é um fato”, e que “uma deidade é desnecessária para explicar o Universo”. A mãe de Sheldon, uma religiosa caipira que acredita na criação do Gênesis e aparenta ter alguma devoção a Jesus, sempre é representada como alguém que está muito abaixo da fina percepção científica. No universo de Sheldon, o Big Bang naturalista deixou de ser apenas uma teoria e a palavra “Deus” só pode ser usada se for no contexto de uma piada.

Ironicamente, Sheldon e seus amigos ateus apresentam muitos comportamentos religiosos. Eles passam horas lendo histórias, discutindo sobre qual a “doutrina” científica mais correta relacionada a seus personagens favoritos e se vestindo como seus objetos de adoração. Num mesmo episódio, é possível  ver Sheldon se gabando de que é um ser racional que não precisa de Deus ou da Bíblia e, na cena seguinte, vê-lo vestindo uma fantasia de super-herói ou zumbi. Ele não se mostra nem um pouco interessado em Jesus Cristo, mas, em certo momento, está muito preocupado em demonstrar a que velocidade o Superman deveria voar para resgatar a mocinha que estava caindo de um prédio num filme.

A descrença de Sheldon o levou à busca por outros deuses. Se ele não se sentia uma vítima do pecado, não compreendia a necessidade de um Salvador. Ainda assim, outros vilões não podiam deixá-lo em paz. Assim como todo ser humano, ele sabia da existência do bem e do mal, e entendia (Rm 2:14-16) que precisava de algum sentido (Ec 3:11). Quando os heróis fictícios lhe foram oferecidos, não perdeu tempo em querer se parecer com eles. O que sua mente genial nunca percebeu foi que, assim, se tornou um mero adorador de personagens de ficção – um devoto da mentira de que o homem tem superpoderes.

Num dos episódios da série irmã, Young Sheldon, que apresenta como teria sido a infância e juventude do personagem, ele tenta consolar sua mãe num momento de tristeza. Apresenta-lhe uma série de fatos que conduzem à conclusão lógica de que existe um Criador, falando de como o Universo e a vida parecem ter sido planejados. Isso logo é ofuscado por mais uma piada sobre como ele conseguia manipular os sentimentos dos outros com um punhado de fatos bem pronunciados.

A Bíblia afirma que os céus anunciam a “glória” (Sl 19:1), a “justiça” (Sl 97:6) e a “majestade” de Deus (Sl 8:1). Mesmo seres irracionais (Jó 12:7-10) e crianças de peito (Sl 8:1-2) são invocadas nas Escrituras como testemunhas de que o nome do Senhor é “magnífico em toda a terra” (Sl 8:1, ARA). Os “brilhantes” descrentes, porém, não conseguem ver. Eles sabem que a vida possui todos os sinais de planejamento mas, como Sheldon, acham que a história de um multiverso hipotético é muito mais “científica” – e emocionante, caso usada em roteiros de filmes de super-heróis.

É irônico que a descrença em Deus leve à idolatria de personagens fictícios. Também é irônico que grandes cientistas, personificados na figura de Sheldon Cooper, conheçam a ordem e a harmonia do Universo e mesmo assim não reconheçam o Criador. A maior ironia, porém, é que quem acha tudo isso mais hilário é o próprio Deus. Embora abominem a descrença e a blasfêmia, as Escrituras apresentam alguns momentos em que o Senhor olha para os prepotentes seres humanos que desafiam Sua soberania e os enxerga como uma piada: “Mas Tu zombas deles, ó SENHOR; Tu ris de todos os pagãos” (Sl 59:8, NTLH. Ver Sl 2:1-4; 37:12-13).

A maior piada de todas, muito mais profunda que as encontradas na série de comédia protagonizada por Sheldon, é que todos os que desejam ver para crer terão essa oportunidade – mas aí não será mais tão engraçado…

(Conte ao Mundo)

Astrofísica encontrou evidências de Deus ao estudar o Universo: conheça Sarah Salviander

A canadense Sarah Salviander tinha 29 anos e cursava um doutorado em astrofísica na Califórnia quando encontrou Deus. Ao aprender mais sobre as características essenciais do Universo, ela se convenceu de que os indícios apontavam para a existência de um Criador. Com o tempo, Sarah se tornou cristã e passou a dedicar sua carreira a educar o público a respeito do tema. Hoje ela se prepara para lançar um livro sobre grandes nomes da ciência que também eram pessoas de fé. Do Texas, onde mora atualmente, ela conversou com a Gazeta do Povo sobre sua jornada e apresentou o que acredita ser o melhor (e o pior) argumento a favor de Deus.

É correto dizer que você encontrou Deus enquanto tentava aprender astrofísica?

Sim, de fato. Tive essa experiência quando estava aprendendo a fazer pesquisa na Universidade da Califórnia em San Diego, e foi isso que definitivamente me levou a acreditar em Deus.

Especificamente, o que a levou a reavaliar seu ateísmo?

Eu diria que foi a teleologia: aquilo que me pareceu ser o design do Universo, e a mera ideia de que podemos ter um projeto de pesquisa e fazer perguntas sobre o Universo, e que o Universo produziria a resposta. Para mim isso parece algo espetacular. O fato de que temos uma atmosfera transparente para que possamos ver o Universo, o fato de que temos leis imutáveis ​​da natureza, que elementos químicos têm assinaturas específicas imutáveis, as impressões digitais de cada elemento serem únicas, o fato de que estamos olhando muito longe no Universo para tentar descobrir a química do Universo primitivo e o fato de que esse tempo é igual à distância para que pudéssemos ver diretamente o passado do Universo, o fato de que as nuvens químicas que estávamos observando para tentar fazer essas medições —precisávamos de algo que estivesse ainda mais atrás delas para iluminá-las para que pudéssemos vê-las. E elas precisavam ser extremamente brilhantes porque estavam muito distantes, e precisavam ter certas características. Todas essas coisas funcionavam. E, para mim, parecia tão estranho que tudo isso fosse por acidente. Quão lindamente o Universo parecia projetado. Isso tudo clamava por um Criador.

Como você vê os argumentos a favor da existência de Deus baseados na cosmologia? Eles são a causa da conversão de muitas pessoas ou apenas ajudam a preparar o terreno para conversões que têm outras causas?

Essa é uma boa pergunta, porque muitas pessoas me enviam mensagens privadas pelas redes sociais ou falam comigo pessoalmente para dizer que tiveram uma experiência pessoal com o tipo de material que produzo. E algumas pessoas me disseram que, como resultado das coisas que postei, elas se tornaram cristãs, como se houvesse uma espécie de barreira final que precisava cair. Elas estavam preparadas para aceitar Cristo, mas queriam ter certeza de que não estavam sendo enganadas, de que havia boas razões científicas também para acreditar no que queriam acreditar. E uma vez que isso se encaixou, então elas aceitaram Cristo de todo o coração. Outras disseram que esse tipo de conteúdo realmente abriu a porta, e que depois elas foram adiante e começaram a ler a Bíblia, a ler outros teólogos, e esse foi o ponto em que elas se converteram. Parece que há um efeito multifacetado nas pessoas. Ou elas encontraram nesse material uma forma de superar essa última barreira, ou isso abriu as portas para a fé, ou ainda isso ajudou alguns cristãos que estavam um pouco vacilantes. Descobrir que existem fortes argumentos científicos para Deus os fez se sentirem mais seguros e se apegarem a uma fé que estava se enfraquecendo.

Então algumas pessoas começam com a Bíblia e depois passam a entender melhor a natureza, mas algumas pessoas começam com a natureza e só depois chegam à Bíblia. No seu caso, tudo começou com a natureza?

Sim. Mas também havia um componente moral, porque eu tinha certas crenças sobre o certo e o errado, sobre o que era moral e o que não era. Comecei a pensar que precisava haver uma base para isso. Você não pode simplesmente dizer: “Bem, isso é certo e isso é errado porque é o que eu sinto.” Por exemplo: se a natureza é tudo o que existe e você procura uma razão pela qual é errado assassinar pessoas, você não vai encontrá-la. E isso foi realmente perturbador. Naquela época, quando eu estava fazendo pesquisa, e estava chegando à conclusão de que Deus era a melhor explicação para tudo isso, também foi a época em que eu estava em um ponto baixo da minha vida, tentando descobrir uma base para a moralidade. Essas duas coisas se juntaram e é por isso que comecei a acreditar em Deus. Isso explicava não só por que o Universo é tão lindamente projetado, mas também qual é a fonte da moralidade. Tudo se encaixou perfeitamente.

Alguns ateus gostam de compartilhar uma citação de Carl Sagan dizendo que o Universo é indiferente à nossa existência. Mas se ele é indiferente e não há Deus, parece haver um problema, certo? Se o Universo não se importa com o que fazemos, então não há moralidade objetiva.

Exatamente. E há um problema ainda maior com isso. Eu ensinei astronomia várias vezes na universidade, para uma grande variedade de alunos. No começo do semestre, eu sempre pedia para eles me dizerem qual era o maior desafio filosófico deles com a astronomia. E eu honestamente esperava que a maioria deles dissesse que tinha algum tipo de problema religioso com as implicações da astronomia moderna. Quase ninguém diz isso. O que eu percebo é que na maioria das vezes eles se sentem insignificantes comparados com a vastidão do Universo e com quão antigo ele é. As pessoas que acreditam, como Carl Sagan, que o Universo é indiferente, se sentem sem esperança e insignificantes. Eu acho que isso é um grande problema. […]

Se você pudesse apontar para um argumento que é seu favorito ou o que você considera o argumento mais forte para a existência de Deus de uma perspectiva científica, qual seria? Você tem um favorito?

Eu tenho. Na verdade, é algo que eu acho que precisa receber mais atenção. Paulo diz: “Examine todas as coisas, retenha o que é bom.” Somos instruídos a colocar as coisas à prova. Gênesis 1 tem 26 declarações testáveis sobre a criação e o desenvolvimento do Universo e da Terra. Cada uma dessas 26 declarações está correta, e elas estão na ordem certa. Então, se você olhar para a probabilidade de alguém da Idade do Bronze, quando Gênesis teria sido escrito, ser capaz de chegar à sequência correta de eventos 26 vezes, é algo tão ínfimo quanto ganhar na loteria umas três vezes seguidas. E para mim isso é tão poderoso que uma vez que eu percebi que Gênesis tinha realizado essa coisa incrível, para mim isso foi praticamente uma prova da existência de Deus.

De certa forma, isso nem seria necessário. Imaginando que a Bíblia começasse com o livro Êxodo, sem o relato de Gênesis. Você ainda poderia argumentar a favor de Deus como os gregos antigos costumavam fazer, certo? Mas ter isso no primeiro livro da Bíblia dizendo, de forma consistente, é ainda mais poderoso.

Com certeza. A Bíblia começa na página 1 com um grande milagre também. Eu gostaria de dizer às pessoas: “Vocês querem ver um milagre todos os dias da sua vida? Abram na primeira página da Bíblia.” Está bem ali. É uma coisa tão incrível. E foi isso que Jesus fez para convencer as pessoas de Sua divindade: ele realizou muitos milagres. Deus realizou um milagre para nós em Gênesis 1. Para mim isso estabelece muita confiança, mas também diz muito claramente que Deus é soberano e tudo o que se segue depois disso só pode ser importante se Deus existir e se Deus for soberano. Thomas Huxley, que era considerado o “buldogue de Darwin” e foi um grande oponente do Cristianismo nos anos 1800, entendeu isso muito bem: ele disse que se você não tem Gênesis, você não tem Jesus. E é por isso que ele estava tão focado em atacar a credibilidade de Gênesis de uma perspectiva científica. Porque ele sabia que se ele minasse isso, então tudo o que se segue não importaria mais.

Você falou sobre milagres. É correto dizer que a própria ideia de um milagre só pode ser concebível em um Universo ordenado, no qual os mortos não estão voltando à vida o tempo todo e onde há uma expectativa de previsibilidade?

O milagre quebra algo nessa ordem, e, portanto, ele só pode acontecer quando há uma ordem que o antecede. Isso é correto. E vejo que muitas pessoas se opõem a essa ideia. Eles vão perguntar sobre a física dos milagres, e há duas coisas interessantes que você pode dizer sobre milagres de uma perspectiva física. Uma é que os milagres não são estritamente proibidos de acordo com as leis da física. Porque muito da física é baseado em probabilidade. Então, por exemplo, Jesus andando sobre as águas ou a abertura do Mar Vermelho não são estritamente proibidos pelas leis da física. Mas seriam tão improváveis ​​que as chances de eles acontecerem naturalmente são, na prática, zero. Então, esses definitivamente são milagres. Como você disse, você tem que ter um Universo ordenado que opere por regras confiáveis ​​para que saibamos qual é o curso normal das coisas. E a única maneira de reconhecermos os milagres é se soubermos que isso está indo contra o curso normal das coisas. Essa é literalmente uma definição da palavra milagre da Bíblia: transgredir a ordem usual das coisas.

Nem todos os argumentos para a existência de Deus são igualmente válidos. O que seria um exemplo de mau argumento?

Geralmente, os tipos de argumentos ruins que vejo são quando as pessoas tentam argumentar a partir de suas experiências pessoais. É claro que nossas experiências pessoais realmente nos ajudam em nossa própria caminhada com Jesus. Mas não acho que elas sejam muito convincentes para outras pessoas. A menos que estejamos falando sobre experiências de quase morte, apenas dizer: “Bem, eu simplesmente sei que Deus esteve na minha vida” —  é maravilhoso, mas poucos não cristãos acham isso convincente. Além disso, qualquer coisa que seria verdadeiramente um argumento do “Deus das lacunas”. Isso ocorre quando não entendemos como algo acontece na natureza e simplesmente atribuímos a Deus. E, então, muitas vezes, há mecanismos que eventualmente descobrirão tudo o que explica aquela lacuna. Agora, há algumas coisas que realmente nunca serão explicadas pela ciência, como de onde o Universo veio. Nunca seremos capazes de testar isso cientificamente. Mas há algumas coisas na natureza que podemos explicar por leis naturais. Então, eu não usaria uma falta de compreensão atual de como as coisas funcionam para dizer que isso é evidência de Deus. Acho que esse é um argumento terrível.

E você acha uma boa ideia falar em “prova científica” quando se trata da existência de Deus? Ou este é um termo inadequado?

Falando de modo geral, cientistas evitam usar a palavra “prova” porque a ciência está principalmente tentando falsear, ou desprovar coisas. Nós temos teorias, nós temos leis, e essas são coisas que foram muito, muito bem testadas. Elas passaram nesses testes, elas previram coisas com sucesso. E, mesmo assim, cientistas cuidadosos nunca dirão que essas coisas foram provadas, porque tudo o que é preciso é uma contradição séria e sua teoria pode estar acabada. Mas, para mim, as 26 declarações testáveis ​​em Gênesis chegam o mais perto possível do que você poderia chamar de prova, porque as chances absolutas de aquilo acontecer naturalmente são muito, muito baixas.

Num nível mais popular, o termo “prova” é interpretado como “100% de certeza”. Mas não se tem 100% de certeza de quase nada. Não sabemos com total certeza se a pessoa no comando da Casa Branca é de fato Donald Trump ou se ele na verdade foi substituído por um sósia. Mas é muito improvável, certo?

Certo. E este é o ponto que eu gostaria de enfatizar: o quanto estamos conscientes de que recorremos à fé em nossas vidas cotidianas.

Os ateus com quem você debate afirmam que o Deus cristão é apenas um de uma lista infindável de divindades. Eles dizem que, de certa forma, os cristãos são “ateus” de todos esses deuses. Como você costuma responder?

Sim, isso é algo que eu encontro muito. Eles não distinguem entre Deus com D maiúsculo e deus com d minúsculo. Essas são duas categorias completamente diferentes. Alguns ateus me perguntam: “Por que você escolheu o Deus da Bíblia e não um dos outros milhares de deuses lá fora?” E eu digo a eles: “Bem, eu estou realmente procurando, com base no que eu sei através da física, um Deus que pode criar um universo inteiro.” Isso realmente reduz a uma lista muito pequena dos deuses que podem fazer isso. E então você tem que olhar mais a fundo e tentar distinguir entre os deuses que sobraram, e as melhores evidências sugerem o Deus da Bíblia.

Você pode falar um pouco sobre o trabalho que você tem feito nos últimos anos?

Eu gradualmente me afastei da pesquisa em Física porque agora tudo gira em torno de bolsas de pesquisa, e eu não estava realmente interessada em fazer isso. Ficou muito burocrático. Então, me mudei mais para a produção de artigos. Estou muito ativa nas redes sociais e na minha newsletter. Estou escrevendo um livro agora, e também dou aulas em uma faculdade na região de Austin.

Qual é o tema do seu próximo livro?

Esse livro foi inspirado por muitas citações que eu tinha visto de cientistas famosos ao longo da história — homens como Johannes Kepler, Isaac Newton, James Clerk Maxwell. Esses foram grandes homens da física, pioneiros, e também foram grandes homens de fé. Eles escreveram declarações poderosas sobre Deus, sobre Jesus, sobre fé, e muitas pessoas não estão cientes disso. Por exemplo, Francis Bacon tinha essa citação maravilhosa dizendo que basicamente um pouco de conhecimento tenderá a tornar alguém ateu, mas muito conhecimento o fará voltar para Deus. Eu pego cada citação e então escrevo um capítulo inteiro sobre o que isso significa.

Algo do seu material já foi traduzido para o português?

Não, mas ficarei muito feliz se as pessoas quiserem traduzir as coisas que escrevo para outros idiomas. Não sei se a editora com quem estou trabalhando planeja fazer alguma tradução, mas espero que sim. O que é interessante é que, porque eu consigo rastrear o tráfego para o meu blog, para minha newsletter e meu perfil no X, e vejo que recebo muitos visitantes do Brasil.

(Gazeta do Povo)

Quando Época entrevistou Alister McGrath

Em maio de 2008, a revista Época (semanal da editora Globo) publicou uma entrevista com o autor do livro O Delírio de Dawkins, ALister McGrath. Segundo a revista, “Alister McGrath e Richard Dawkins, autor do livro Deus, um Delírio, têm trajetórias bastante parecidas. Ambos são cientistas de Oxford, estudiosos das ciências naturais e mostram-se abertos a novas formas de pensar, desde que as evidências os levem a isso. A diferença é que o raciocínio lógico levou Dawkins a pregar o ateísmo e McGrath a acolher a fé. Leia, nesta entrevista, como ele considera que a existência de Deus pode ajudar o conhecimento científico”.

Época – Quando você passou a acreditar em Deus?

McGrath – Na juventude estive apaixonadamente persuadido pela veracidade e relevância do ateísmo. Quando fui para Oxford estudar química, comecei a refletir sobre se aquilo faria sentido. Mais tarde conheci Joanna (sua esposa) e percebi que a força dos argumentos que levam a Deus é mais satisfatória do que a que leva ao ateísmo.

Vocês e Richard Dawkins são amigos?

Não, somos apenas professores da mesma universidade. Nós estamos presentes em alguns congressos e nos encontramos. Somos cordiais. Mas não posso dizer que somos amigos. Nós nos conhecemos mais pelas publicações que um e outro produziu. E nossas divergências também aparecem no que escrevemos.

Você diz que Dawkins se tornou um fanático. Qual a sua suspeita?

A agressividade de Dawkins é reflexo de sua frustração. Ele passou a ser mais agressivo porque sabe que a religião está cada vez mais presente na vida das pessoas. Ele convoca seus leitores para militar contra a religião e rompe com sua própria argumentação. Seu único argumento é de que a religião não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. É por frustração que ele afirma que toda a religião é perniciosa e deve ser banida da sociedade.

Quais seus argumentos para acreditar que Deus existe?

Neste meu livro, eu realmente não dou argumentos para acreditar em Deus, mas rebato os de Dawkins. A forma como você acredita em Deus dá sentido ao mundo. Acreditar em Deus traz esperança e motivação para se manter vivo e se relacionar com as pessoas.

Você acredita na evolução?

Eu discordo de Dawkins em sua insistência de que a evolução biológica exclui Deus do processo. Não entendo como ele chegou a essa conclusão. Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis.

As pessoas religiosas têm a moral mais desenvolvida que os ateus?

Não quero dizer que ateus são pessoas ruins. O que quero dizer é que acreditar em Deus dá habilidade e ferramentas para tratar melhor deste assunto.

Dawkins diz que é importante submeter a fé a um exame crítico. Você acredita nisso?

Sim, acho que isso é uma importante coisa a se fazer. Acredito que todo mundo deveria submeter suas crenças a um exame crítico. Sempre. A razão pela qual sou cristão é porque submeti minhas crenças e descobri que elas não ficavam em pé. Para mim, acreditar em Deus tem razões muito mais robustas.

Quando a ciência não pode explicar Deus?

Penso que a ciência é extremamente efetiva para explicar o mundo natural. Mas quando tenta explicar questões como valores ou significados, não acredito que ela consiga com êxito. Dawkins diz que a ciência pode explicar todas as coisas. Eu digo que acreditar em Deus ilumina partes da vida que a ciência não pode explicar. As duas podem trabalhar muito bem juntas.

Você votaria em um candidato ateu?

Eu não escolheria meu candidato considerando a religiosidade dele. Dawkins exagerou no preconceito. Eu não cultivo o preconceito que ele próprio tem. Há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos.

Nota: Em seu livro O Delírio de Dawkins, McGrath não entra no mérito (ou a falta dele) do darwinismo. Ele se limita a criticar o ateísmo estridente e preconceituoso de Dawkins. Assim como Francis Collins (autor de A Linguagem de Deus), McGrath pode ser classificado como evolucionista teísta, uma vez que crê ser possível conciliar o darwinismo com o teísmo. Se ele não fosse cristão, isso até que não seria incoerente. Mas se tratando de um cristão que provavelmente se pauta pela Bíblia Sagrada, essa posição é, no mínimo, contraditória. Leia a matéria “Mistura impossível” e saiba por quê.[MB]

Paradoxo ateístico

“Uma coisa é desejar ter a verdade do nosso lado, outra é desejar sinceramente estar do lado da verdade.” Richard Whately

O censo populacional do IBGE de 2007 mostrou um paradoxo brasileiro na época: ao mesmo tempo em que o número de evangélicos havia crescido, outro grupo apresentou percentuais elevados em relação a anos anteriores – o dos que se declaram sem religião. Mas o que chama mesmo a atenção é o surgimento de uma nova figura no panorama religioso do país: o ateu militante. À semelhança dos religiosos, eles organizam encontros, participam de grupos de discussão na Internet e até fundaram uma ONG, a Sociedade Terra Redonda. O objetivo não é outro senão conclamar as pessoas sem fé religiosa a assumir o próprio ateísmo.

De certa forma, é até compreensível esse empenho ateístico. Durante muitos séculos, descrer em Deus era algo visto com muito preconceito e até perseguição (os inquisidores medievais que o digam). E não custa nada lembrar que em algumas nações (e por parte de algumas pessoas) ainda persiste a intolerância religiosa. A resistência às religiões de cunho sentimentalista e fortemente baseadas em sinais miraculosos também pode ser um motivo para tantos estarem migrando para o extremo oposto.

O psicólogo norte-americano Michael Shermer, diretor da Sociedade dos Céticos e autor do livro Fronteiras da Ciência: Onde o que Faz e o que Não Faz Sentido Se Encontram, aponta ainda outro problema: o aumento do irracionalismo. Pesquisas mostram que cada vez mais se acredita em astrologia, experiências extra-sensoriais, bruxas, alienígenas e discos voadores. Para ele, “o irracionalismo tem aumentado principalmente por culpa da comunicação de massa e da Internet. As pessoas que vivem da exploração dessas crenças são hábeis na utilização desses recursos. As religiões tradicionais vêm perdendo muito espaço nos últimos anos, o que tem deixado um campo aberto para crenças alternativas como paranormalidade e cultos da Nova Era”. O problema é que os ditos céticos acabam colocando no mesmo saco todo tipo de crença, como fez exatamente o engenheiro Daniel Sottomaior, em resposta ao meu artigo “Cristo ainda é manchete”, publicado no Observatório da Imprensa.

A julgar pelos mais de 800 colaboradores cadastrados na Sociedade Terra Redonda na época (da qual Sottomaior é membro), a maioria dos ateus brasileiros é jovem e vem da área de Ciências Exatas. “Somos racionalistas, e uma de nossas funções é denunciar falsos milagres”, disse o programador de computadores Leo Vines, de 24 anos na época. Vines, que era o presidente da Sociedade, afirmou ainda que “quem examina a questão da existência de Deus à luz de um método científico chega inevitavelmente à conclusão de que Ele não existe, já que não há nenhuma evidência concreta disso”. Mas será essa uma conclusão correta?

CIENTISTAS QUE CREEM

Em 1916, cientistas americanos participaram de uma pesquisa sobre suas crenças religiosas. A mesma pesquisa foi repetida em 1996. Surpreendentemente houve pouca mudança nesses 80 anos. Em ambos os casos, cerca de 40% dos cientistas disseram acreditar em um Deus pessoal, 45% disseram não acreditar e 15% não responderam. Se o método científico apontado por Vines, pelo qual se orientam os cientistas, demonstrasse realmente a inexistência de Deus, não haveria sequer um cientista crédulo.

O escritor italiano Umberto Eco, reconhecidamente agnóstico, escreve no livro Em que Crêem os que Não Crêem? (Editora Record) que, se a vida de Jesus Cristo for apenas um conto imaginado pela humanidade, o simples fato de o homem ter criado toda uma ideologia sobre o amor baseada numa figura fictícia já seria um mistério insondável. Admissão sincera, que deveria ser levada em conta pelos que se negam a ver a lógica, a coerência e a beleza da religião bíblica.

RELIGIÃO RACIONAL

“Se você abandona a capacidade crítica de pensar cientificamente, pode acreditar em absolutamente tudo”, diz o psicólogo Michael Shermer. De fato, existe esse perigo, como também há o perigo de descrer de tudo. Talvez por isso o apóstolo Paulo, em Romanos 12:1, classifique o verdadeiro culto como “racional”, nada tendo a ver com a emotividade vazia de muitos cultos sensacionalistas modernos. O Criador é o Deus que convida: “Venham cá, vamos discutir este assunto” (Isaías 1:18, BLH). Deus não é irrazoável. Embora nossa aceitação de Sua existência e das verdades reveladas por Ele se baseiem na fé, há evidências suficientes para o observador atento e livre de preconceitos. Afinal, mesmo quando utilizamos a “capacidade crítica de pensar cientificamente”, chegamos à conclusão de que o Universo é obra de um Planejador inteligente, pois o efeito pressupõe uma causa. O acaso e a não intencionalidade jamais responderam à pergunta fundamental “de onde viemos?”.

Sottomaior afirma que “a religião é intrinsecamente oposta à contestação”. Mas o apóstolo Paulo dá a entender que não há nada de errado com o emprego da razão na busca de respostas, quando diz que se deve examinar tudo e reter o que é bom (1 Tessalonicenses 5:21). O problema consiste em querer utilizar a razão humana para mensurar o que está além dela (neste caso, métodos matemáticos teriam muito mais sucesso). Aliás, diga-se de passagem, a própria razão está além da razão. E julgar a razão pela própria razão é como definir uma palavra usando a própria palavra como sua definição, assim como na tautologia “a casa é vermelha porque é vermelha”. Como se sabe, tautologias nada provam.

Utilizar a razão humana para determinar a existência ou não de Deus é como tentar medir as distâncias cósmicas com uma fita métrica. Ou, para usar um exemplo mais conhecido, é tentar colocar o oceano em um buraquinho na areia. Eis aqui o paradoxo ateísta.

CIÊNCIA E RELIGIÃO

No livro Por Que Creio Naquele que Fez o Mundo (Editora Objetiva), o ex-presidente da Federação Mundial de Cientistas, o católico Antonino Zichichi, faz afirmações bastante corajosas e pouco convencionais no mundo científico. Segundo ele, há flagrantes mistificações no edifício cultural moderno e que passam, muitas vezes, despercebidas do público em geral. Eis alguns exemplos: Faz-se com que todos creiam que ciência e fé são inimigas. Que ciência e técnica são a mesma coisa. Que o cientificismo nasceu no coração da ciência. Que a lógica matemática descobriu tudo e que, se a matemática não descobre o “Teorema de Deus”, é porque Deus não existe. Que a ciência descobriu tudo e que, se não descobre Deus, é porque Deus não existe. Que não existem problemas de nenhum tipo na evolução biológica, mas certezas científicas. Que somos filhos do caos, sendo ele a última fronteira da ciência.

Para Zichichi, a verdade é bem diferente. E a maneira de se provar a incoerência das mistificações acima consiste em compreender exatamente o que é ciência.

Foi Galileu Galilei quem lançou as bases da ciência experimental. A grandeza desse físico e astrônomo italiano, para quem “o Universo é um texto escrito em caracteres matemáticos”, não reside tanto em suas extraordinárias descobertas astronômicas, mas na busca de verificar se o resultado de experiências era ou não contrário à validade de determinadas leis. Para Galileu, as hipóteses deveriam ser testadas e repetidas a fim de serem consideradas verdadeiras. Graças a ele, pôde-se fazer separação entre o imanente e o transcendente. Como dizia um dos pais da física moderna, Niels Bohr, resumindo o pensamento galileano, não existem teorias bonitas e teorias feias. Existem apenas teorias verdadeiras e teorias falsas.

Por isso, Zichichi afirma: “Nem a matemática nem a ciência podem descobrir Deus pelo simples fato de que estas duas conquistas do intelecto humano agem no imanente e jamais poderiam chegar ao Transcendente” (p. 16).

Uma teoria como a da evolução das espécies, com tantos “elos perdidos”, desenvolvimentos milagrosos (olho, cérebro, DNA, etc.), extinções inexplicáveis e fenômenos irreprodutíveis não é ciência galileana. “Eis porque”, diz Zichichi, “a teoria que deseja colocar o homem na mesma árvore genealógica dos símios está abaixo do nível mais baixo de credibilidade científica. … Se o homem do nosso tempo tivesse uma cultura verdadeiramente moderna, deveria saber que a teoria evolucionista não faz parte da ciência galileana. Faltam-lhe os dois pilares que permitiriam a grande virada de 1600: a reprodução e o rigor. Em suma, discutir a existência de Deus, com base no que os evolucionistas descobriram até hoje, não tem nada a ver com a ciência. Com o obscurantismo moderno, sim” (p. 81, 82).

PESQUISAS E PREMISSAS

Por mais que alguns queiram ignorar a realidade, especialmente no que diz respeito ao modelo da evolução, posto que não é fato científico confirmado (embora possua aspectos periféricos com os quais os criacionistas concordam), as premissas e a filosofia de vida dos pesquisadores influem diretamente em suas pesquisas. Bom exemplo é o do geólogo e pensador evolucionista da Universidade de Harvard, Stephen Jay Gould (falecido em 2002). Ele era marxista e é o autor da teoria do equilíbrio pontuado (saltacionismo), que é quase uma transposição literal da ideia da revolução para o mundo natural. Por isso mesmo, embora Gould fizesse bastante sucesso como escritor, grande parte da comunidade científica rejeita suas idéias “evolucionistas marxistas”.

E a conclusão de José Luiz Goldfarb, presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência, é a de que “nenhum cientista entra no laboratório sem uma visão de mundo mais complexa. O fato de a ciência funcionar em bases experimentais não significa que o cientista não tenha crenças ou pressupostos sobre a realidade” (Época, 27/12/99).

Michael Behe, autor do controvertido A Caixa Preta de Darwin (Mackenzie), vai na mesma direção, e diz que, “apesar da imagem popular, os cientistas são pessoas normais, com seus próprios preconceitos. Se alguém pretende desafiar uma crença profundamente defendida, pode esperar resistência”.

Em Grandes Debates da Ciência (Editora Unesp), Hal Hellman afirma que, “ao contrário dos erros tecnológicos, erros em ciência raramente são notícia. Em consequência, o público poucas vezes toma conhecimento dos caminhos equivocados pelos quais os cientistas muitas vezes enveredam. Mesmo no caso em que se divulga uma idéia científica incorreta, ninguém sabe que ela é incorreta; e quando se chega à idéia correta, ela é apresentada como uma nova descoberta, e a velha ideia é simplesmente esquecida. Mesmo em revistas científicas, relatos de resultados negativos raramente chegam a ser impressos, a despeito do fato de que possam ser muito úteis para os que trabalham na área” (p. 14).

Hellman lembra ainda que “frequentemente […] o processo de descoberta científica está carregado de emoção. Quando apresenta uma nova ideia, é provável que um cientista esteja pisando nas teorias de outros. Os que sustentam uma ideia mais antiga podem não a abandonar de bom grado. […] É comum que alguma questão sutil, ou não tão sutil, ligada a crenças e valores, esteja subjacente ao debate. […] Os cientistas são suscetíveis de emoções humanas, […] são influenciados pelo orgulho, cobiça, beligerância, ciúme e ambição, assim como por sentimentos religiosos e nacionais; […] eles estão sujeitos às mesmas frustrações, cegueiras e emoções triviais que o resto de nós; […] eles são, na verdade, completamente humanos” (p. 14, 16, 18). Ateus ou não; cientistas ou não; todos agem e tiram conclusões não apenas com base na objetividade racional.

O professor Del Ratzsch, especializado em filosofia da ciência, em seu livro The Battle of Beginnings (sem tradução para o português), também faz algumas reflexões sobre o assunto. Às páginas 122 e 123, ele afirma que “as teorias – principalmente teorias explanatórias – não podem ser geradas por meios puramente lógicos ou puramente mecânicos a partir de dados empíricos. Elas são resultado de criatividade e invenção. […] As teorias não podem ser provadas de maneira conclusiva nem deixar de ser comprovadas exclusivamente com base em dados empíricos. Na verdade, os cientistas frequentemente continuam a defender firmemente certas teorias mesmo diante de clara evidência contrária. […] A estrutura e natureza de teorias específicas, os conceitos que elas empregam, sua avaliação e o critério que determina sua aceitabilidade ou inaceitabilidade e sua aceitação ou rejeição estão todos ligados não só aos dados mas também aos princípios modeladores que alguém aceita. E esses princípios modeladores também não surgem só de dados empíricos”.

Não é difícil perceber que pesquisa científica, como em qualquer outra área do saber, há mais do observador envolvido nos estudos do que simplesmente faculdades sensoriais funcionando mecanicamente. Em muitos casos de percepção, o pesquisador inconscientemente “preenche” vários aspectos da própria experiência, geralmente sem perceber, e o formato que esse preenchimento assume é moldado em parte por suas expectativas, seu compromisso intelectual, sua predisposição teórica e até mesmo suas crenças (ou a falta delas).

Uma vez que as teorias são inevitavelmente indeterminadas por dados empíricos, se formos selecionar algumas teorias propostas e reivindicar que elas sejam verdadeiras, então a seleção não pode ser feita com base puramente empírica. Pelo menos algumas considerações não empíricas deverão desempenhar certo papel nessa seleção.

Na verdade, o que se nota é um exagero na objetividade e infalibilidade dos cientistas. Por mais importante que eles sejam, não estão imunes à subjetividade.

Um bom exemplo é dado por Thomas Kuhn, em seu livro A Estrutura das Revoluções Científicas. Ele pergunta, à página 76: Um átomo de hélio é ou não uma molécula? Para o químico, é uma molécula porque se comporta como tal do ponto de vista da teoria cinética dos gases. Para o físico, o hélio não é uma molécula porque não apresenta espectro molecular. Portanto, os paradigmas e a formação das pessoas interferem, sim, em seus julgamentos sobre a realidade. E o que ocorre no campo religioso por certo também acontece no que diz respeito ao campo da pesquisa científica e à chamada racionalidade.

Isso explica por que, entre os cientistas, há crentes e ateus (como entre a população em geral). Se a existência de Deus (ou Sua inexistência) fosse algo demonstrável nos domínios da ciência experimental, só haveria um grupo de cientistas: crédulos (ou incrédulos).

Para Zichichi, Deus transcende a lógica matemática e a ciência humana. Por isso, “é inconcebível que possa ser descoberto pela lógica matemática ou pela ciência [humana]. A lógica matemática pode descobrir tudo aquilo que faz parte da matemática. E a ciência [pesquisa], tudo que faz parte da ciência. […] O ateu, na verdade, diz: ‘Por amor à lógica, não posso aceitar a existência de Deus.’ Mas o rigor lógico não consegue demonstrar que Deus não existe” (p. 159, 162). Quando a “ciência” opta por excluir o conceito de um Criador, deixa claro, com isso, que não é uma busca aberta da verdade, como tantas vezes quer parecer ser.

Na verdade, tudo ficaria mais claro (e lógico) se as pessoas admitissem, como fez Galileu, que tanto a natureza quanto as Escrituras Sagradas são obra do mesmo Autor e, embora utilizem linguagem diferente, não estão em contradição para o observador atento. As “contradições” bíblicas apontadas por Sottomaior em seu artigo são apenas aparentes, para o pesquisador isento. Comparando texto com texto, dentro de seus respectivos contextos, pode-se perceber a harmonia do cânon bíblico, a que me referi no artigo “Cristo ainda é manchete”.

“Não sabemos o que e quanto desconhecemos”, escreveu o zoólogo Dr. Ariel Roth, no livro Origens (Casa Publicadora Brasileira). “A verdade precisa ser buscada, e devia fazer sentido em todos os campos. Devido a ser tão ampla, a verdade abrange toda a realidade; e nossos esforços para encontrá-la deveriam também ser amplos” (p. 51).

Michelson Borges