Esclarecendo alguns mal entendidos acerca do criacionismo

Em tempos em que a verdade tem se tornado relativa, a cosmovisão cristã traz uma base única e forte: Deus como o Criador

Dentro do contexto social e cultural em que vivemos, imersos nas redes sociais, tem sido bastante desafiador dialogar de forma autêntica. Muitas pessoas se escondem atrás de avatares e, quando se expressam, frequentemente repetem, como um disco riscado, ideias equivocadas propagadas por pseudoinfluenciadores. Por isso, tem sido uma tarefa árdua distinguir o fato da distorção e a verdade da mentira. O resultado é uma espécie de dissonância cognitiva coletiva.

Dentro da área da ciência, a história não é muito diferente. O conceito de verdade se tornou um terreno de disputa. Ao longo dos séculos e influenciados por distintas correntes filosóficas, o conceito de verdade tornou-se fluido: paradigmas que em determinada época foram considerados inquestionáveis, se revelaram equivocados. Um exemplo marcante é a crença no geocentrismo. Durante séculos, acreditou-se que a Terra era o centro do Universo, uma convicção sustentada até ser derrubada pelas observações de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Johannes Kepler. Os cientistas, portanto, redefinem continuamente o que se entende por verdade conforme novos conhecimentos surgem.

Já para aqueles que possuem a cosmovisão cristã, a verdade não é relativa nem transitória. Ela se ancora em Deus e Sua palavra como fonte absoluta, independentemente de variações culturais ou interpretações humanas. Essa compreensão oferece um senso de propósito que vai além da mera sobrevivência: orienta decisões, molda valores e dá sentido à existência.

Naturalismo e criacionismo: duas cosmovisões concorrentes

Atualmente, duas cosmovisões disputam espaço na interpretação da realidade: o naturalismo, que é um pressuposto básico da cosmovisão evolucionista, e o criacionismo, característica da cosmovisão bíblico-cristã.

O naturalismo sustenta que todos os fenômenos podem ser explicados sem recorrer a agentes sobrenaturais ou a um Criador. Nessa perspectiva, as ferramentas da ciência seriam suficientes para descrever e explicar a origem e o funcionamento do Universo. O criacionismo, por outro lado, combina pressupostos bíblicos e filosóficos à análise científica, reconhecendo como plausíveis hipóteses que o naturalismo descarta por princípio. Essa abordagem interpretativa amplia o horizonte de leitura dos dados, permitindo que fósseis, rochas ou evidências geológicas sejam entendidos sob diferentes lentes, sem que determinadas hipóteses sejam negadas.

A herança científica da cosmovisão cristã

Embora muitas vezes caricaturada como anticientífica ou pseudociência (o que é um equívoco), a cosmovisão cristã criacionista desempenhou papel central na construção dos pilares da ciência moderna. Cientistas como Copérnico, Galilei, Kepler e Newton desenvolveram suas teorias movidos pela convicção de que a natureza refletia a racionalidade e a ordem do Criador. Estudar os fenômenos naturais era, para eles, uma forma de compreender a mente divina.

Um exemplo marcante é o de Isaac Newton. Em uma carta enviada em 1692 a um amigo, Richard Bentley, Newton afirmou que o objetivo de seus estudos (como em seu célebre livro Princípia), era levar as pessoas a pensarem e acreditarem em Deus. Ele registrou: “Quando escrevi meu tratado sobre nosso sistema, eu tinha em mente princípios que pudessem funcionar na consideração dos homens quanto à crença em uma Divindade; e nada pode me alegrar mais do que considerá-lo útil para esse propósito.”¹

Testemunhos como esse evidenciam que fé e ciência não precisam ser vistas como opostas. Pelo contrário, são abordagens complementares: enquanto a ciência busca explicar como os fenômenos acontecem, a fé aponta para o quem e o propósito responsável pela ordem observada no Universo.

Mesmo nesse contexto, ainda há quem defenda que não é possível realizar pesquisa científica de qualidade levando em conta, por exemplo, o relato bíblico a respeito das origens. A cosmovisão criacionista, com frequência, é alvo de críticas sendo muitas vezes rotulada como pseudociência ou associada à Teoria do Design Inteligente, vista por alguns como criacionismo disfarçado.

A seguir serão discutidas quatro críticas comuns direcionadas à cosmovisão criacionista e por que elas não fazem o menor sentido.

1. Criacionistas ignoram evidências evolutivas

Uma crítica comum dirigida ao criacionismo é a de que seus defensores ignoram as chamadas “evidências evolutivas”. No entanto, é importante destacar que não existem “evidências evolutivas” ou “evidências criacionistas”: evidência é evidência. Um fóssil, por exemplo, não pode ser rotulado como evolucionista ou criacionista. Ele é simplesmente um fóssil. O que pode variar é a interpretação feita pelo cientista que o estuda, seja a partir da perspectiva evolucionista, seja da criacionista.

Um exemplo ilustrativo é o de um plesiossauro exposto no Museu de História Natural de Londres. Esse animal foi preservado quase completo, com as partes ainda articuladas, o que sugere que foi soterrado rapidamente. Caso tivesse permanecido exposto, teria sido consumido por organismos detritívoros e sido desmembrado com o tempo. Para que um fóssil como esse fosse preservado de forma tão íntegra, era necessário um soterramento rápido. A cosmovisão criacionista interpreta esse processo como resultado da grande catástrofe do Dilúvio, enquanto a perspectiva evolucionista o entende como eventos localizados ocorridos no passado, sem implicações globais.

Fóssil de plesiossauro em exibição no Museu de História Natural de Londres. (Foto: Arquivo pessoal)

2. O criacionismo foi refutado pela evolução

Muitos críticos afirmam que o criacionismo teria sido refutado pela evolução, mas antes de aceitar tal afirmação é fundamental esclarecer o que se entende por evolução, já que o termo é frequentemente usado de maneira imprecisa. Em sentido amplo, e como foi estabelecido pelo próprio Darwin, evolução significa descendência com modificação, isto é, quando indivíduos transmitem características às gerações seguintes com pequenas variações. Exemplos como as diferenças no formato do bico dos tentilhões ou as variações no casco entre as tartarugas gigantes das Ilhas Galápagos ilustram esse processo.

Tais mudanças, conhecidas como microevolução, correspondem a variações dentro de uma mesma espécie, algo que os criacionistas não negam. As diversas raças de cães, que vão do pug ao husky, são um exemplo claro: todos pertencem à mesma espécie (Canis lupus), mas apresentam ampla diversidade em tamanho, força e adaptação. Essas variações surgiram ao longo do tempo, estimuladas pela seleção artificial conduzida pelo ser humano.

Para o criacionismo, tais processos são possíveis porque entende-se que Deus criou os seres vivos com capacidade de adaptação, embora dentro de limites. Em contraste, os evolucionistas defendem também a existência de macroevolução, ou seja, mudanças em escala muito maior, capazes de gerar novos grupos de organismos a partir de ancestrais comuns. Nessa perspectiva, a seleção natural, ao longo de milhões de anos, poderia originar novas formas de vida, como os T-Rex dando origem, após milhões de anos, a aves como as galinhas. Contudo, criacionistas consideram essa interpretação insustentável, pois não há evidências observacionais conclusivas e o registro fóssil apresenta lacunas significativas.

Assim, enquanto a teoria evolucionista se baseia na ideia de uma única árvore da vida, o criacionismo propõe a baraminologia², segundo a qual Deus criou diferentes tipos básicos de organismos, comparáveis a um pomar, em que cada grupo pode se diversificar internamente, mas sem ultrapassar os limites estabelecidos na criação.

Representação esquemática do surgimento da diversidade da vida na perspectiva evolutiva Darwinista (A – árvore da vida), representando o gradualismo com apenas um único ancestral comum universal; e a representação criacionista com vários tipos básicos ancestrais (B – Pomar da vida), dando origem a descendentes dentro de limites. Adaptado pela autora de orchardoflifescience.com

3. Criacionismo é Design Inteligente disfarçado

Recentemente, a revista Superinteressante publicou um texto criticando o Design Inteligente, classificando-o como “uma pseudociência criacionista que tenta se infiltrar nas escolas”³. Contudo, é preciso esclarecer que criacionismo não é pseudociência, nem Design Inteligente disfarçado: tratam-se de perspectivas distintas. O Design Inteligente é apresentado por diversos teóricos, como Michael Behe e Stephen Meyer, que defendem ser possível utilizar o método científico para identificar evidências de um designer na natureza. Entre os critérios utilizados, destacam-se os conceitos de complexidade irredutível e a de informação especificada.

O conceito de complexidade irredutível é frequentemente ilustrado pelo exemplo da ratoeira: se qualquer uma de suas peças falhar ou estiver ausente, o mecanismo deixa de cumprir sua função. De maneira análoga, sistemas biológicos como a estrutura propulsora do flagelo bacteriano ou o complexo enzimático da ATP sintase dependem da presença e do funcionamento adequado de todos os seus componentes. A ausência ou o defeito de uma única parte compromete todo o sistema, impossibilitando seu funcionamento.

Se o gradualismo é real, esses sistemas não poderiam ser formados ao longo dos milhões de anos, pois seriam eliminados pela seleção natural. Já o conceito de informação especificada se refere à informação presente nos seres vivos, como o código do DNA. Essas moléculas não poderiam ter surgido unicamente por meio da seleção natural, já que esta não teria capacidade de gerar informação nova com esse nível de organização. Assim, o Design Inteligente busca analisar processos naturais e avaliar se é mais provável que tenham sido resultado de uma causa inteligente do que por mecanismos puramente naturais, sem assumir compromisso direto com a identidade desse designer.

O criacionismo, por sua vez, é uma cosmovisão que reconhece esse designer como o Criador revelado nas Escrituras e envolve uma dimensão de fé racional com base em evidências fornecidas pelo método científico. Portanto, embora ambos critiquem limitações da teoria evolutiva, não podem ser confundidos. Há inclusive pessoas agnósticas ou sem vínculo religioso que aceitam o Design Inteligente sem se identificarem como criacionistas. Por isso, ao se reduzir o debate a uma associação simplista entre criacionismo e Design Inteligente, corre-se o risco de incorrer em falácias, em vez de promover uma discussão consistente sobre as fragilidades e implicações de cada perspectiva.

4. Criacionismo é religião, não tem base científica

O criacionismo não é uma religião em si, mas uma cosmovisão. Enquanto existem diversas denominações religiosas, o criacionismo se caracteriza por compreender que há evidências científicas, históricas e arqueológicas que dão suporte à fé no relato bíblico da criação — não apenas no livro de Gênesis, mas em toda a Bíblia como um conjunto coerente e digno de confiança. Além disso, reconhece que a própria natureza, em suas dimensões visíveis e invisíveis, aponta para o Criador.

Como afirma o salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmos 19:1-2). De forma semelhante, Paulo escreve: “Os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, são vistos claramente desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1:20). Isso mostra que não é necessário que Deus faça um discurso direto; pela observação e pelo estudo da natureza é possível reconhecer Sua intervenção na vida dos seres criados. A fé, portanto, não deve ser cega, mas fundamentada em evidências que apelam à razão humana, como o apóstolo Paulo afirma em Romanos 12:1 ao exortar ao culto racional.

Assim, o criacionismo é uma cosmovisão sustentada por múltiplos tipos de evidências, incluindo as científicas, que revelam ordem e propósito no universo. Da mesma forma que não vemos a gravidade ou as leis que regem o movimento dos planetas, mas as reconhecemos por meio de cálculos e observações, também compreendemos que onde há leis, há um legislador.

É interessante perceber que as críticas ao criacionismo e os debates entre defensores do Design Inteligente e da teoria da evolução revelam muito mais do que uma simples disputa de evidências: eles mostram como diferentes perspectivas moldam nossa compreensão da realidade, inclusive no que diz respeito à existência ou não do transcendente. Diante disso, podemos ser tentados a adotar uma postura combativa, como se a aceitação da nossa cosmovisão dependesse unicamente da nossa habilidade de argumentação e persuasão. No entanto, é fundamental lembrar de dois pontos essenciais. Primeiro, não somos nós, mas a ação do Espírito Santo que convence as pessoas (João 16:8). Segundo, por trás das discussões sobre criação e evolução existe um pano de fundo maior: o grande conflito.

Nosso adversário não é aquele com quem dialogamos, mas Satanás. Por isso, nossa preparação deve ir além dos argumentos científicos e filosóficos, incluindo também o estudo profundo da Palavra de Deus. Assim, mesmo que o resultado imediato não seja o esperado, podemos ter a certeza de que estamos acompanhados pelo maior e melhor aliado: o nosso Criador.

(Maura Brandão é bióloga e doutora em Ciências pela USP; texto publicado no portal de notícias da DSA)

Referências:

[1] Carta original de Isaac Newton para Richard Bentley. The Newton Project . 10 de dez de 1692. University of Oxford, publicado online em out de 2007. Disponível em: https://www.newtonproject.ox.ac.uk/view/texts/normalized/THEM00254. Acesso em: 31 ago. 2025.

[2] MARSH, Frank L. Variation and fixity in nature. Creation Research Society Quarterly, v. 11, p. 60-68, jun. 1974.

[3] Bruno Carbinato. O que é “design inteligente”, a pseudociência criacionista que tenta se infiltrar nas escolas. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-que-e-o-design-inteligente-a-pseudociencia-criacionista-que-tenta-se-infiltrar-nas-escolas/. Acesso em 20 de ago de 2025.Amazon

Por que a mãe não rejeita o feto

A matéria de capa da revista Ciência Hoje de abril de 2010 é simplesmente impressionante! Assinado por Priscila Vianna e José Artur Bogo Chies, do Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o artigo explica os mecanismos biológicos que impedem que o feto seja identificado pelo organismo da mãe como um corpo estranho e acabe sendo rejeitado. O texto começa com inegável linguagem de design inteligente: “A evolução da gestação, o nascimento do bebê e a produção de leite para alimentá-lo compõem uma sequência natural e bem planejada, com vistas a acolher um novo ser. A interação imunológica entre mãe e filho que acontece ao longo da gestação é mantida até o período de amamentação. O aleitamento transfere anticorpos da mãe para o filho e esses anticorpos permitirão à criança reconhecer agentes causadores de doenças, protegendo-a durante seu desenvolvimento.”

O texto prossegue com explicações técnicas minuciosas e a pergunta que fica no ar e que nem de longe é tratada pela matéria é: Até que esses processos e mecanismos bioquímicos evoluíssem, como os seres humanos (ou quaisquer outros seres que se reproduzem sexualmente) sobreviveram? A complexidade irredutível envolvida em cada descrição no texto é tão grande, que em momento algum a palavra “evolução”, no contexto darwinista, é evocada – o que é curiosamente típico em pesquisas científicas que tratam de complexidade nesse nível.

Segundo os autores do artigo, “na gestação, o corpo feminino sofre diversas alterações hormonais e físicas, além de mudanças no perfil imunológico. O sistema imune materno precisa aprender a conviver com o feto, que pode ser comparado a um transplante, pois a presença de 50% de material genético paterno o torna, para o organismo da mãe, um ‘estranho’”.

Detalhe: o sistema imune materno “precisa aprender”, mas sabe exatamente o que fazer quando a mulher engravida – e precisa saber. A fim de que o feto não seja rejeitado, a placenta o isola parcialmente, para protegê-lo, atuando como um filtro semipermeável que permite a troca de oxigênio e nutrientes, assim como a comunicação imunológica ao longo da gestação. Bem, se os seres sexuados tivessem evoluído a partir de assexuados, é de se supor que a placenta não estivesse presente logo de início. O que serviria, então, de “filtro” para o feto? Como ele teria sobrevivido sem o devido aporte de oxigênio e nutrientes e sob o ataque do organismo materno?

O texto prossegue: “Para que uma gestação se desenvolva com sucesso, é importante que o sistema imune materno reconheça o feto, sem rejeitá-lo, e induza uma resposta de aceitação, gerando um ambiente adequado para a boa evolução do futuro bebê. A relação harmoniosa entre mãe e filho envolve a interação de aspectos da imunologia celular e humoral (por meio de citocinas [células que auxiliam na comunicação entre as células em um organismo] e anticorpos) e de outros componentes. Vários mecanismos protetores regulam a resposta imune materna ao feto e garantem sua aceitação, entre eles (1) a presença da placenta (tecido de origem embrionária), que isola física e imunologicamente o feto da mãe, e (2) a presença de uma resposta do tipo TH2 [célula auxiliar] na mãe, que evita um ataque do sistema de defesa ao feto.”

O interessante é que não há ligação direta entre vasos sanguíneos maternos e fetais, o que isola o feto, protegendo-o de um possível “ataque” do sistema imunológico materno. Para que a aceitação do feto ocorra, o corpo da mulher apresenta alterações imunológicas ao longo da gestação: mudanças no padrão de produção e liberação de citocinas, inibição localizada da proliferação de certas células do sistema imune (as que atacam corpos estranhos) ou indução da expressão de certas moléculas protetoras na superfície das células. Tudo de forma organizada e no tempo certo. Conforme o artigo, “é necessária uma delicada regulação de todo esse equilíbrio na produção de citocinas e na inibição de respostas celulares ao longo da gestação. Momentos distintos do tempo gestacional exigem perfis diferentes de equilíbrio entre esses vários fatores. O atraso na ativação ou inibição de qualquer uma dessas vias pode resultar em complicações da gestação, ou mesmo em aborto.”

Resumindo: além dos mecanismos certos, especificamente desenhados para funcionar corretamente desde a primeira vez, há também o fator tempo, ou seja, esses mecanismos tinham e têm que funcionar no momento exato em que eram/são necessários.

O feto também participa nesse processo todo, sendo estabelecida uma verdadeira “conversa” química entre ele e a mãe. Se eventualmente alguma célula de defesa da mulher ultrapassar a barreira placentária, o sistema imune do feto será capaz de evitar o “ataque”. “Isso é feito por meio de células T reguladoras fetais, que reagem à presença das células da mãe, liberando citocinas, que podem controlar ou inativar respostas danosas contra as células maternas, induzindo o estado de tolerância”, explicam os autores.

Mais interessante ainda: essas células do feto podem permanecer em circulação por até 17 anos após o nascimento, como memória imunológica, sendo capazes de reconhecer as células maternas. “O estudo inovador mostrou como mãe e feto mantêm um contato muito mais íntimo do que se imaginava anteriormente”, e mostrou também que o sistema imunológico do feto já é bastante ativo antes do nascimento. Eu já sabia que nunca conseguiria ser tão íntimo de minhas filhas quanto minha esposa. Agora estou ainda mais conformado…

O artigo conclui falando do perigo da pré-eclâmpsia, aumento da pressão sanguínea que coloca em risco tanto o feto quanto a mãe (na primeira gestação). É a segunda causa de morte materna no mundo e a primeira no Brasil, sendo responsável por até 10% das mortes de fetos ou mães durante a gravidez. Essa doença surge quando o organismo da mãe não consegue se modificar para “aceitar” o feto e aumenta a pressão sanguínea para “eliminar” o “corpo estranho”.

Voltamos à pergunta que não quer calar: E antes que esse complexo mecanismo “evoluísse”, como se dava essa modificação dirigida e interrelacionada dos sistemas imunes da mãe e do feto, capaz de evitar a pré-eclâmpsia e outros problemas fatais?

Davi não entendia de embriologia e imunologia, mas conseguiu expressar bem o assombro que nos envolve quando pensamos no maravilhoso processo de concepção e gestação de uma nova vida: “Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as Tuas obras são admiráveis” (Salmo 139:14).

E Jó, há mais de 3.500 anos, também se maravilhou: “Não me derramaste como leite e não me coalhaste como queijo? [concepção?] De pele e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste [desenvolvimento embrionário?]. Vida me concedeste na Tua benevolência, e o Teu cuidado a mim me guardou” (Jó 10:8-12).

Michelson Borges

Gênesis 1: Universo jovem ou vida jovem?

Têm sido propostos dois modelos para a criação do Universo:

Modelo da Terra Jovem: o primeiro modelo, em geral, defende a criação da Terra – incluindo a sua modelagem para ter as condições necessárias para a existência da vida, bem como a própria vida em todas as suas manifestações – em seis dias, na semana da Criação, juntamente com a criação do Universo e do nosso Sistema Solar. Nesse primeiro caso, a semana da Criação corresponde, portanto, ao período da criação do Universo, juntamente com a modelagem da Terra para abrigar a vida, tendo os demais planetas e luas do Sistema Solar (criados nessa semana simultaneamente com a Terra) permanecido sem forma e vazios.[1: p. 23]

Modelo do intervalo passivo: em seu livro Origens, o zoólogo e paleontólogo Dr. Ariel Roth, ex-diretor do Geoscience Research Institute, nos informa que esse modelo é considerado uma variação do criacionismo da Terra Jovem.[2: p. 330] O modelo defende que Deus criou o Universo (espaço-tempo), estrelas e sistemas planetários, incluso a matéria da Terra (partículas elementares) em eras anteriores (época indeterminada), mas preparou a Terra para a vida e criou a vida somente poucos milhares de anos atrás, em seis dias (note a semelhança com o modelo geral da Terra Jovem).[3]

Nesse segundo caso, a semana da Criação relatada em Gênesis corresponde, portanto, somente ao período de modelagem da Terra (que sucedeu o período indeterminado desde a criação do Universo) para ter as condições necessárias para a existência da vida, bem como a própria vida em todas as suas manifestações.[4, 5] Nesse segundo caso, ainda, os demais planetas e luas do Sistema Solar teriam permanecido em seu estado original, sem forma e vazios, como eram desde o início da época indeterminada que precedeu a semana da Criação.[1: p. 23]

Richard Davidson, professor de Antigo Testamento da Universidade Adventista de Andrews, afirmou em artigo publicado na Revista da Sociedade Teológica Adventista que “várias considerações [o] levam a preferir o ‘intervalo passivo’ em relação ao modelo ‘sem intervalo’ [Terra jovem].”[6: p. 21; 7] Ademais, outros teólogos adventistas também concordam que um padrão de criação divina em dois estágios emerge de uma análise escriturística.[3, 5, 8, 9]

Dr. Ruben Aguillar, professor de Antigo Testamento da Faculdade Adventista de Teologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) comenta sobre a relação do verso 1 de Gênesis com o modelo do intervalo passivo: “uma das palavras da Bíblia Hebraica bem estudadas e que ao mesmo tempo provoca interpretações polemicas é aquela com a qual começa o relato do Gênesis: bereshith, ‘no princípio’. A primeira sílaba é uma preposição inseparável traduzida sem dificuldades como ‘em’. Na língua portuguesa aparece acrescido com o artigo ‘o’ e que resulta em “no”. O termo reshith, traduzido como ‘principio’, encontra sua raiz no vocábulo r’osh, ‘cabeça’. Segundo o léxico hebraico, esse termo significa também: ‘começo’, ‘tempo primordial’, ‘estado primordial’, ‘tempo remoto’, ‘primeiro da sua classe’ em relação a tempo. Auxiliado pelas alternativas de tradução que o léxico apresenta o primeiro verso de Gênesis pode ser assim traduzido: ‘no tempo primordial Deus criou’, ou também ‘no tempo remoto Deus criou’; que concede ao verso um sentido de antiguidade de maior profundidade em termos de expressão temporal.”[10: p.15]

Professor Aguillar acrescenta que a análise do verso 2 de Gênesis reforça um entendimento coerente acerca da criação em dois estágios: “a ideia do intervalo passivo se fortalece ao analisar o verso 2 no texto hebraico, onde aparecem as palavras tohu vabohu, ‘sem forma e vazia’, sobre as quais está inserido o acento gramatical rebi’a. Os acentos na língua hebraica tem a função de relacionar uma palavra com as outras. Essa relação pode ser de união ou de separação. O acento rebi’a, que aparece nas palavras mencionadas é disjuntivo, da segunda classe superior, ou seja, a sua função é fazer separação ou indicar pausa. Observando através dessa lente, pode-se ver que a frase ‘estava sem forma e vazia’ faz separação entre as frases ‘no princípio criou Deus os céus e a terra’ do verso 1, com as que descrevem a semana da criação.”[10:p.13]

Para fins de esclarecimento, é importante mencionar que o modelo do intervalo passivo, citado acima, não deve ser confundido com o modelo do intervalo ativo (também chamado de Ruína-Restauração), proposto por Thomas Chalmers (1780-1847), famoso teólogo escocês, o qual defendia – sem qualquer evidência direta, científica ou escriturística – que a vida teria sido criada por Deus na Terra em passado distante pré-adâmico.[2: p. 330; 11] Segundo a página ADVindicate, editada pelo geólogo Monte Fleming, doutorando em Geologia pela Universidade de Loma Linda, esse modelo ainda diz que, após Satanás ter sido julgado, ele teria sido arremessado à Terra e destruído essa vida pré-adâmica supostamente existente. Essa destruição teria finalmente sido seguida pela criação descrita em Gênesis 1 e 2.[11]

Um problema frequentemente associado a ambos os modelos criacionistas (Terra Jovem e Intervalo Passivo) devido à ignorância, primeiro por parte de seus defensores leigos; depois, por parte de seus opositores, diz respeito à questão da criação da “luz” durante a semana da Criação.[2: p. 308] Muitas pessoas se utilizam do argumento de que Deus teria “criado” os luminares somente no quarto dia (Gênesis 1:14). Mas uma análise alternativa nos mostra que Deus poderia já ter criado a luz no primeiro dia (Gênesis 1:3); portanto, nesse sentido, o sistema solar já existia.

O erguimento parcial de uma densa nuvem no primeiro dia da semana da criação iluminou a Terra, porém, o Sol, a Lua e as estrelas, embora presentes, não eram visíveis a partir da Terra. A luz era semelhante à de um dia muito nublado. Uma retirada completa da cobertura de nuvens, no quarto dia, fez com que o Sol, a Lua e as estrelas, preexistentes, se tornassem plenamente visíveis da superfície da Terra. Daí os luminares serem mencionados somente no quarto dia. Ou então o Sol e a Lua podem ter sido criados no quarto dia, ao contrário das demais estrelas, que são mencionadas de forma parentética por Moisés, indicando que elas já existiam.

Os dois primeiros versos do livro de Gênesis também possibilitam uma segunda interpretação aceita, diga-se de passagem. por uma parcela significativa de adventistas criacionistas.[2: p. 309-310] A ideia aqui é a de que a declaração “Deus criou os céus e a Terra”, no verso 1 de Gênesis, diz respeito a um pequeno resumo ou introdução sobre o relato da criação da Terra e arredores que viria a seguir, acompanhada pela descrição, no versículo 2, de que “a Terra era sem forma e vazia e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”. Isto indicaria materialidade anterior à semana da Criação, embora não estivesse diretamente relacionado a questões sobre o Universo (espaço-tempo). Essa descrição se aplica coerentemente a uma Terra pré-existente, sinalizando, indiretamente, que o Universo foi criado antes da semana da criação, juntamente com o tempo.

A maioria das traduções bíblicas propicia, de fato, uma afirmação ambígua, em vista de que o hebraico dos manuscritos bíblicos dá margem a mais de uma interpretação. No entanto, a descrição de uma Terra vazia, envolvida em trevas originais, é reforçada por descrições semelhantes em outras passagens bíblicas que falam de uma Terra original envolvida em “escuridão” (Jó 38:9) com uma veste de nuvens, e de uma Terra que “surgiu da água” (2 Pedro 3:5).

Em artigo publicado na Revista Adventista pelo pastor e mestre em Ciências da Religião Glauber Araújo vemos a explicação de que “acreditar que o Universo seja mais antigo do que a vida em nosso planeta não tem que ver com o pensamento evolucionista, mas com as evidências bíblicas”.[12: p.20] Isso corrobora o que ponderou John Lennox, declarado criacionista e professor de matemática da Universidade de Oxford, no livro Seven Days That Divide the World: “É logicamente possível crer nos dias de Gênesis como de 24 horas (ou uma semana terrestre) e crer que o Universo é antigo. E […] isso não tem nada que ver com ciência. Tem que ver com o que o texto está de fato nos dizendo” (p. 53).

O professor Richard Davidson [13: p. 51], no livro He Spoke and It Was, afirma ainda que as “análises recentes do discurso de Gênesis 1 […] indicam que a gramática do discurso desses versículos aponta para uma criação em dois estágios. A história principal não começa antes do versículo 3. Isso implica uma condição anterior dos ‘céus e Terra’ em seu estado ‘sem forma e vazio’, antes do início da semana da criação”.

Partindo dessa visão, Provérbios 8:26 diz que houve uma época em que nem sequer o princípio do pó deste mundo existia. O livro de Hebreus 11:3 diz que Deus criou as eras (tempo, eternidade). Ainda sobre o tempo, o astrofísico Eduardo Lütz afirma que “o tempo é um dos atributos do Universo. Existe uma profunda conexão entre a criação do tempo e a criação do Universo, não tem como separá-los. Se o tempo não teve um início, Deus não criou o que chamamos hoje de Universo, pois o tempo depende do Universo para existir”. Em outras palavras, segundo o astrofísico, “tempo pode existir sem matéria, mas matéria não pode existir sem tempo”.

O livro de Jó também aponta nessa direção. Ali encontramos dois textos que claramente sugerem a existência de outros seres criados além de nós (leia mais sobre isso aqui). Em primeiro lugar, quando Satanás compareceu perante o Senhor (Jó 1:6, 7), o texto faz referência a outros “filhos de Deus”, dando a entender que nosso planeta não era o único habitado.[12] É claro que, como afirma o astrofísico Eduardo Lütz, “a identidade dos ‘filhos de Deus’ em Jó 38:7 não é relevante para o argumento de que a Bíblia sugere a existência do Universo antes da criação da Terra. É apenas uma curiosidade tocada de passagem. Mas o que conta é que alguém criado por Deus comemorava ‘quando’ Ele lançava os fundamentos da Terra”. Em outras palavras, segundo Lütz, Jó 38:7 contradiz a interpretação de que a Terra tem a mesma idade do Universo, mas não contradiz Gênesis 1: “Não há qualquer base bíblica para se afirmar que o Universo tenha cerca de seis mil anos de idade ou que Gênesis 1 se refira à criação do Universo. Muito pelo contrário. Certos textos bíblicos (como Jó 38:4-7) sugerem que, quando o Criador ‘lançou os fundamentos da Terra’, já existiam até mesmo seres inteligentes em outras partes do Universo [como plateia]. E, mesmo que não aceitemos isso por alguma razão obscura, pelo menos precisamos reconhecer que Gênesis 1 não nos dá qualquer informação sobre quando e como o Universo foi criado.”[14: p. 6, 7]

Ao longo do meu trabalho de pesquisa e divulgação do criacionismo, tenho percebido que boa parte dos criacionistas da “Terra jovem” não consegue aceitar a interpretação de que apenas a “vida no planeta Terra seja jovem”, sendo o Universo e a matéria (partículas elementares) do planeta antigos. Mas, sem querer ser polêmico, percebemos que uma análise escriturística em conjunto com os dados atuais do conhecimento científico nos mostra que essa possibilidade existe, é razoável e deve ser introduzida na discussão sobre as origens.

Essa posição está em consonância com a declaração emitida pela Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), órgão máximo sobre criacionismo no Brasil, em sua análise editorial, como se segue: “À luz dos conhecimentos atuais, a criação dos céus e da Terra é algo posterior à criação do Universo.” [1: p. 18] Logo, a SCB conclui: “A criação de nossa Terra de maneira nenhuma deve ser confundida com a criação do Universo.”[1: p. 23]

Em suma, portanto, a principal distinção entre a interpretação do “intervalo passivo” e a interpretação “sem intervalo” é devida à questão de quando se deu o início absoluto dos “céus e da Terra” (Gênesis 1:1).[3] Enquanto o último interpreta Gênesis 1:1, 2 como parte do primeiro dia da criação de sete dias, o primeiro interpreta Gênesis 1:1, 2 como uma unidade cronológica separada por uma lacuna no tempo do primeiro dia da criação, como descrito em Gênesis 1:3. Segundo o que nos diz o astrofísico Lütz, “não tem como provar pela Bíblia que o Universo seja jovem. Também não tentamos provar pela Bíblia que o Universo seja ‘muito’ antigo. Apenas mostramos fortes indicações de que o Universo é mais velho do que a Terra”.

Diante do exposto, a pergunta que fica é a seguinte: Você se considera um criacionista da Terra jovem convencional ou um criacionista do intervalo passivo?

Obs: o NUMAR-SCB não tem uma posição definitiva sobre o assunto, e nem poderia bater o martelo sobre a questão de o universo ser antigo (conforme apontam as evidências escriturísticas) ou jovem (também apoiado em evidências tanto científicas quanto escriturísticas), uma vez que não se tem um consenso na comunidade teológica e, mais especificamente, na criacionista. O objetivo do texto é o de apenas apresentar ao nosso público esse modelo criacionista da Terra jovem, mas que aceita um “intervalo passivo” antes da semana da Criação literal descrita em Gênesis, e que já vem sendo discutido e aceito há décadas em outros países. Achei válido, de igual modo, inseri-lo nas discussões sobre as nossas origens aqui no Brasil. Mas é válido frisar que essa é uma área em que ainda são necessários mais estudos.

(Everton Alves)

Referências:

[1] Editores. Antes da semana da criação: vida em outros planetas do sistema solar? Revista Criacionista 2003; 32(69):18-23.

[2] Roth AA. Alternativas entre a Criação e a Evolução. Capítulo 21, pp.328-41. In: Roth AA. Origens. 2. Ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016.

[3] Sanghoon J. Interpretations of Genesis 1:1. Journal of Asia Adventist Seminary 2011; 14(1): 1-14.

[4] Coffin HG. Origin by Design. Hagerstown, MD: Review and Herald, 1983, 292–293.

[5] Widmer M. Older than creation week? Adventist Review 1992; 169(4):454-62.

[6] Davidson RM. The Biblical Account of Origins. Journal of the Adventist Theological Society 2003; 14(1):4-43.

[7] Davidson RM. In the Beginning: How to Interpret Genesis 1. Dialogue 1994; 6(3):9-12.

[8] Terreros MT. What is an Adventist? Someone Who Upholds Creation. Journal of the Adventist Theological Society 1996; 7(2):147–149.

[9] Moskala J. Interpretation of Bereʼšît in the context of Genesis 1:1-3. Andrews University Seminary Studies 2011; 49(1):33-44.

[10] Aguilar R. Os Céus, o Intervalo e a Semana da Criação. Parousia. 2010; 9(1):7-18.

[11] Brent Shakespeare. Esboço das teorias propostas para Gênesis 1:1-2. Advindicate (14/03/2013). Disponível em: http://advindicate.com/articles/2996

[12] Glauber Araújo. A Idade da Terra. Revista Adventista. Abril de 2016, pp. 20-23.

[13] Davidson RM. The Genesis account of origins. In: Klingbeil G. (Ed.). He spoke and it was: divine creation in the Old Testament. Oshawa: Pacific Press Publishing Association, 2015.

[14] Lütz E. O criacionismo e a grande explosão inicial. Revista Criacionista 2003; 32(69):5-17.

Drosophila: cem anos de testes e nenhuma função nova

Modelos computacionais sugerem que há uma chance de 65,2% de conseguir uma mutação bem-sucedida dentro de uma geração. Também assume que praticamente todas as gerações irão produzir uma mutação favorável.[1] Depois de mais 27 mutações, haveria um órgão novo e funcional. Mas o que o conhecimento científico atual na área de mutagênese diz a respeito da Drosophila melanogaster? A mosca-da-fruta, D. melanogaster, é um organismo modelo genético bem estudado e altamente dócil para a compreensão dos mecanismos moleculares de doenças humanas. Sugere-se que muitas propriedades biológicas, fisiológicas e neurológicas básicas são compartilhadas entre a mosca-da-fruta e os humanos. A D. melanogaster contém aproximadamente 14 mil genes, enquanto o ser humano possui cerca de 19 mil.[2-4] Sabe-se que 75% dos genes de doenças humanas conhecidas têm uma correspondência com o genoma da mosca.[2, 3] Quando o genoma total de ambas as espécies é comparado, 44% das proteínas humanas são similares às da mosca-da-fruta.[7]

Os geneticistas começaram a criar a mosca-da-fruta logo após a entrada do século 20, e desde 1910, quando a primeira mutação foi relatada, mais de 3.000 mutações têm sido identificadas.[8] Todas as mutações são prejudiciais ou inofensivas; nenhuma delas produziu uma mosca-da-fruta mais bem-sucedida.[9] Em 2010, um estudo norte-americano acompanhou em laboratório mais de 600 gerações de D. melanogaster, e descobriu que é raro o surgimento de alelos incondicionalmente vantajosos por meio da seleção natural.[10] Pesquisas têm demonstrado cada vez mais os limites do poder seletivo desse mecanismo sobre as espécies. Entretanto, está bem estabelecida sua influência em alterar o equilíbrio das frequências gênicas em distintas populações.[11-13] Quando as populações se deparam com mudanças ambientais e migram para uma nova área, por exemplo, a seleção natural favorece a combinação de características que farão o organismo mais bem-sucedido (adaptação) nesse novo ambiente.[9]

No entanto, também deve ser considerado o custo de fitness (perda de aptidão/função) que a mosca-da-fruta sofre por manter sua variedade genética ou quando há ganho de uma nova função. Em 2003, um estudo suíço demonstrou que cada nova capacidade de aprendizagem (nova função metabólica, por exemplo) confere um maior custo ao organismo; no caso da mosca, esse custo seria representado por uma diminuição na capacidade competitiva de suas larvas.[14] Outro exemplo de custo de fitness pode ser encontrado em bactérias que passaram a metabolizar citrato na presença de oxigênio (o que geralmente não ocorre), no entanto, essa nova função provavelmente resultou da perda de informação genética.[15] Mais ainda: bactérias tiveram um crescimento mais rápido e um aumento na capacidade competitiva das cepas a custo da perda de genes por mutações deletérias, o que resultou em diminuição de seus genomas.[16] Em termos práticos o que está sendo sugerido é que alterar um recurso para melhor pode mudar outro para pior, portanto, na análise do balanço, não houve diferença entre o saldo inicial e o final.

No tocante às experiências realizadas com as moscas-da-fruta, os neodarwinistas alegam que observaram a origem de novas espécies (especiação), considerando a definição simplista padrão de “espécie” como sendo uma “população reprodutivamente isolada”. Em 1974, foi realizado na Inglaterra um estudo experimental em duas subespécies preexistentes da mesma espécie de D. melanogaster com o objetivo de determinar se mudanças nas preferências de acasalamento poderiam ser induzidas.[17] Isso incluiu a morte artificial de híbridos entre as cepas (um processo que não necessariamente imita a natureza). Os resultados demonstraram que um isolamento reprodutivo incompleto foi estabelecido. Em 1956, um estudo escocês já havia demonstrado apenas um isolamento sexual parcial.[18]

A mudança biológica mais evidente que o exemplo reprodutivo documentou foram diferenças de comportamento em pequena escala em relação ao cortejo (namoro), especificamente em mudanças na quantidade de “lambidas” e “vibração” que os machos realizam com as fêmeas para iniciar o acasalamento.[19] Porém, tudo o que foi observado são alterações nos comportamentos de iniciação ao namoro (lambidas e vibrações) mudando entre as cepas. Ambas as linhagens foram “similares” antes das experiências, e essas pequenas alterações nos comportamentos de acasalamento se mantiveram muito semelhantes após os experimentos. Mais uma vez, nenhuma mudança biológica significativa foi observada, e o isolamento reprodutivo completo (por exemplo, especiação) não foi estabelecido.

Outra pesquisa experimental selecionou artificialmente certas características comportamentais, mas produziram apenas “ligeiro” isolamento sexual ou “isolamento reprodutivo incipiente”, devido a “mudanças no comportamento sexual”.[20] O artigo sugere que o completo isolamento reprodutivo não foi encontrado: “Se a seleção para geotaxia e fototaxia sempre e necessariamente produz uma mudança no comportamento sexual, e se a contínua seleção pode levar a divergência sexual em qualquer lugar próximo ao isolamento [reprodutivo] completo, só pode ser decidido por novos experimentos”. Nesse caso, não somente o completo isolamento não foi alcançado, mas a mudança biológica significativa também não foi atingida.[19] Além desses, podemos citar outros estudos que não encontraram o completo isolamento reprodutivo em espécies de moscas-da-fruta.[21, 22]

A manipulação de genes foi mais uma tentativa de progressão evolutiva das moscas-da-fruta a qual resultou em aspectos de monstros. A mais popular, a partir de uma perspectiva evolucionista, foi a experiência com os genes chamados HOX (uma abreviação de Homeobox) utilizados pelo organismo durante o desenvolvimento embrionário. Nesse sentido, os cientistas imaginaram que seria mais simples para a evolução operar através da mutação desses genes (isso foi antes de os estudos recentes mostrarem que o desenvolvimento embrionário é mais influenciado pelo DNA regulador, e não por genes). Foi então que, em 1987, um estudo experimental observou mutações no complexo do gene Antennapedia (Antp) da mosca-da-fruta, que resultou no crescimento de pernas na cabeça em vez de antenas.[23] Também foi observado que mutações no gene Homeobox geraram moscas com quatro asas.[24] As asas extras não tinham músculos e representaram peso morto. Para Stephen Meyer, “moscas mutantes que produzem quatro asas sobrevivem hoje apenas em um ambiente cuidadosamente controlado e somente quando pesquisadores qualificados meticulosamente orientam seus estudos por meio de um estágio não funcional após o outro. Essa experiência cuidadosamente controlada não nos diz muito sobre o que mutações não direcionais podem produzir na natureza”.[25: p. 105] 

Enfim, assim como ocorre com a D. melanogaster, as evidências revelam o acúmulo de mutações deletérias em outros seres vivos, levando à degeneração e à perda de informação genética em um curto espaço de tempo.[16, 26-30] A entropia genética corrobora essas evidências ao afirmar que há maior acumulação de mutações prejudicais do que qualquer outro tipo, e que esse acúmulo ocorre tão rapidamente que a seleção natural não poderia detê-lo.[31] O que não se observa é um aumento de nova informação genética, já que para o “surgimento” de novos genes e/ou órgãos funcionais e planos corporais seria necessário acréscimo de muita informação complexa e específica. Assim, décadas de estudos de laboratório e de campo nas populações selvagens sugerem que a seleção natural só atua nas variações que já existem na população e, mesmo assim, de forma limitada. Os sobreviventes dos mais de cem anos de torturas em laboratório ainda são apenas moscas.

(Everton Alves)

Referências:

1. Truman R. “Dawkins’ weasel revisited.” Journal of Creation 1998; 12(3):358-361.

2. Adams MD, et al. “The genome sequence of Drosophila melanogaster”. Science. 2000; 287(5461):2185-2195.

3. MGC Project Team. “The completion of the Mammalian Gene Collection” (MGC). Genome Res. 2009; 19(12):2324-2333.

4. Ezkurdia IJuan DRodriguez JMFrankish ADiekhans MHarrow JVazquez JValencia ATress ML. “Multiple evidence strands suggest that there may be as few as 19.000 human protein-coding genes.” Hum Mol Genet. 2014; 23(22):5866-78.

5. Reiter LTPotocki LChien SGribskov MBier E. “A Systematic Analysis of Human Disease-Associated Gene Sequences In Drosophila melanogaster.” Genome Res. 2001; 11(6): 1114-1125.

6. Pandey UBNichols CD. “Human disease models in Drosophila melanogaster and the role of the fly in therapeutic drug discovery.” PharmacolRev. 2011; 63(2):411-36.

7. “O projeto genoma humano.” Disponível aqui.

8. Lindsley DL, Grell EH. “Genetic Variations of Drosophila melanogaster.” DC: Carnegie Institution of Washington, Publication nº 627, 1967.

9. LesterL. “Genetics: No Friend of Evolution.” Creation 1998; 20(2):20-22.

10. Burke MK, Dunham JP, Shahrestani P, Thornton KR, Rose MR, Long AD. “Genome-wide analysis of a long-term evolution experiment with Drosophila”. Nature. 2010; 467:587-590.

11. Barton NPartridge L. “Limits to natural selection.” Bioessays. 2000; 22(12):1075-84.

12. Betancourt AJPresgraves DC. “Linkage limits the power of natural selection in Drosophila.” Proc Natl Acad Sci U S A. 2002; 99(21):13616-20.

13. Lenormand T. “Gene flow and the limits to natural selection.” Trends in Ecology & Evolution 2002; 17(4):183-189.

14. Mery F, Kawecki TJ. “A fitness cost of learning ability in Drosophila melanogaster.” Proc Biol Sci. 2003; 270(1532):2465-2469.

15. Behe MJ. “Experimental Evolution, Loss-of-Function Mutations and ‘The First Rule of Adaptive Evolution’.” Quarterly Review of Biology 2010; 85(4):419-445.

16. Koskiniemi SSun SBerg OGAndersson DI. “Selection-Driven Gene Loss in Bacteria.” PLoS Genet. 2012; 8(6):e1002787.

17. Crossley SA. “Changes in mating behavior produced by selection for ethological isolation between ebony and vestigial mutants of Drosophilia melanogaster.” Evolution. 1974; 28:631-647.

18. Knight GR, Robertson A, Waddington CH. “Selection for sexual isolation within a species.” Evolution. 1956; 10:14-22.

19. Luskin C. “Uncooperative Fruit Flies Refuse to Speciate in Laboratory Experiments.” [Jan. 2012]. Evolution News and Views, 2012. Disponível aqui.

20. Del Solar E. “Sexual Isolation Caused by Selection for Positive and Negative Phototaxis and Geotaxis in Drosophila pseudoobscura.” Genetics. 1966; 56:484-487.

21. Oliveira AK, Cordeiro A. “Adaptation of Drosophila willistoni experimental populations to extreme pH medium.” Heredity. 1980; 44(1):123-130.

22. Dodd DMB. “Reproductive Isolation as a Consequence of Adaptive Divergence in Drosophila pseudoobscura.” Evolution, 1989; 43(6):1308-1311.

23. Schneuwly S, Klemenz R, Gehring WJ. “Redesigning the body plan of Drosophila by ectopic expression of the homoeotic gene Antennapedia.” Nature. 1987; 325:816-818.

24. Lewis EB. “Clusters of master control genes regulate the development of higher organisms”. J. Am. Med. Assoc. 1992; 267:1524-1531.

25. Meyer SC, Nelson PA, Moneymaker J, Minnich S, Seelke R. Explore Evolution: The Arguments for and Against Neo-Darwinism. London: Hill House Publishers, 2007.

26. Lynch M. “Rate, molecular spectrum, and consequences of human mutation.” Proc Natl Acad Sci U S A. 2010; 107(3):961-8.

27. Lamb TD. “A Fascinante evolução do olho.” Scientific American Brasil. Edição 111 [Ago. 2011]. Disponível aqui.

28. McLean CYReno PLPollen AABassan AICapellini TDGuenther CIndjeian VBLim XMenke DBSchaar BTWenger AMBejerano GKingsley DM. “Human-specific loss of regulatory DNA and the evolution of human-specific traits.” Nature. 2011; 471(7337):216-9.

29. Cui J, Yuan X, Wang L, G Jones, Zhang S. “Recent Loss of Vitamin C Biosynthesis Ability in Bats.” PLoS ONE 2011; 6 (11): e27114.

30. Harjunmaa E, Kallonen A, Voutilainen M, Hämäläinen K, Mikkola ML, Jernvall J. “On the difficulty of increasing dental complexity”. Nature. 2012; 483(7389):324-7.

31. Sanford JC. Genetic Entropy. 4ª ed. NY: FMS Publications, 2014.

Cem anos de testes com a drosophila e nada de evolução

22 de julho de 2010 marcou o centésimo aniversário das pesquisas genéticas usando as moscas da fruta. O primeiro estudo desse tipo foi publicado na revista Science em 1910 e descreveu a aparição inesperada de uma mosca da fruta macho com olhos brancos após gerações de moscas com olhos pigmentados. Isso inaugurou um século de estudos que se concentraram nas mutações das moscas da fruta. Mas o que realmente se aprendeu com tudo isso? Na maior parte do século passado – e especialmente desde a descoberta do DNA como molécula que carrega informações físicas hereditárias –, as mutações foram o conceito dominante da evolução neodarwinista tido como o gerador central de informações novas e úteis. Assim, as mutações, se fossem selecionadas naturalmente, teriam o poder de conduzir a evolução de todas as coisas vivas na direção da melhoria positiva.

As moscas da fruta, com seu tempo curto de uma geração a outra e apenas quatro pares de cromossomos, representaram excelente campo de testes para a evolução. Em laboratórios de todo o mundo, elas foram submetidas a todo tipo de mutação, induzindo fenômenos, incluindo produtos químicos e tratamentos de radiação, para tentar acelerar as mutações na tentativa de “imitar a evolução”. Depois de tudo isso, era de se esperar que as moscas da fruta de fato exemplificassem a evolução. Mas eles não fizeram isso.

Assim, não tendo conseguido a progressão evolutiva em moscas da fruta por esses meios aleatórios, os pesquisadores mudaram o foco de inúmeras pesquisas para a manipulação intencional dos genes. As mais populares, a partir de uma perspectiva evolucionista, foram as experiências com os genes chamados HOX.

HOX (uma abreviação de Homeobox) são genes utilizados pelo organismo durante o desenvolvimento embrionário. Muitos argumentaram que seria mais simples para a evolução operar através da mutação desses genes, uma vez que uma pequena alteração pode produzir grande efeito no corpo da mosca. No entanto, isso foi antes de os estudos recentes mostrarem que o desenvolvimento embrionário é mais influenciado pelo DNA regulador, e não por genes. E mutações (através da substituição, exclusão ou duplicação) de genes de desenvolvimento como o HOX sempre resultaram apenas em moscas mortas, moscas normais (se a mutação aconteceu sem ter nenhum efeito notável) ou em pequenos monstros. Nenhum desses resultados corresponde à melhoria “positiva” esperada da evolução darwiniana.

Segmentos corporais extras, um conjunto extra de asas ou pernas no lugar das antenas caracterizam as formas estranhas que foram geradas. Três gerações de alterações específicas no DNA produziram moscas com quatro asas – mas elas não conseguiram voar. As asas extras não tinham músculos e representaram peso morto. Stephen Meyer conclui: “Moscas mutantes que produzem quatro asas sobrevivem hoje apenas em um ambiente cuidadosamente controlado e somente quando pesquisadores qualificados meticulosamente orientam seus estudos por meio de um estágio não-funcional após o outro. Essa experiência cuidadosamente controlada não nos diz muito sobre o que mutações não direcionais podem produzir na natureza” (Stephen C. Meyer, Explore Evolution: The Arguments for and Against Neo-Darwinism, p. 105).

Em seu livro Evolution, Colin Patterson resumiu a esperança perdida de encontrar a evolução nas pesquisas com o HOX: “Os efeitos espetaculares das mutações do gene homeobox foram vistos pela primeira vez na Drosophila, no início da história da genética. Portadoras de algumas dessas mutações com certeza podem ser qualificadas como monstros – embora sem muita esperança” (Colin Patterson, Evolution, p. 114).

Considerando que os estudos com as moscas da fruta têm fornecido informações importantes sobre como genes, nervos, longevidade e outras máquinas e processos biológicos funcionam, nenhum progresso foi feito na tentativa de acelerar a evolução desses insetos por mutações. Os sobreviventes dos cem anos de torturas em laboratório ainda são apenas moscas.

(Institute for Creation Research)

Nota: Conforme Enézio E. de Almeida Filho, “a Drosophila melanogaster ‘teima’ em não ‘confessar’ e tampouco demonstrar o fato, Fato, FATO da evolução depois de ser ‘cientificamente torturada’ por um século! Cruz, credo! Nem sob tortura se aceita a evolução!” Enézio, que é mestre em História da Ciência, está levantando bibliografia para um artigo sobre o uso das mosquinhas das frutas, e a conclusão parcial a que se chega, segundo ele, é que a natureza não faz as alterações realizadas em laboratórios pelos cientistas, geralmente por meio de radiações. “E olha que pela cronologia dos milhões de anos, a natureza, como laboratório natural, não fez o que eles fizeram”, conclui. [MB]

Estamos nos transformando em mutantes?

Um estudo recente determinou a idade de mais de um milhão de mutações em uma única base (letra) do DNA, e descobriu que mais de 86% das nossas mutações danosas surgiram nos últimos 5.000 a 10.000 anos. As mutações restantes em sua maioria são inócuas e algumas poucas podem até mesmo ser benéficas. A explicação para tantas mutações nos últimos anos, segundo os especialistas, é a explosão demográfica que aconteceu com o surgimento das cidades, cerca de 8.500 anos atrás. Dos cerca de 100.000 anos que a humanidade existe [segundo a cronologia evolucionista], houve um evento de quase extinção 50.000 anos atrás, quando a população humana baixou muito, e a humanidade remanescente se tornou geneticamente muito similar. [Não teria sido bem mais recente esse evento, com a origem da humanidade a partir de uma única família? – MB]

O estudo determinou a distribuição das idades de mutação pelo sequenciamento de 15.336 genes que codificam proteínas em 6.515 pessoas, das quais 4.298 eram de origem europeia, e 2.217 africanos. Segundo o Dr. Joshua Akey, professor associado de ciência genômica da Universidade de Washington em Seattle (EUA), um dos participantes da pesquisa, “em média cada pessoa tem cerca de 150 novas mutações que não estão presentes em seus pais. O número das mudanças genéticas que são introduzidas na população depende do tamanho da mesma”.

Populações maiores, multiplicando-se continuamente pela produção de novas crianças, têm mais oportunidades para o surgimento de novas mutações. Assim, o número de mutações aumenta com o crescimento acelerado da população, como a explosão demográfica que começou 5.115 anos atrás.

Uma das descobertas é que as populações europeias possuem um excesso de mutações danosas em genes essenciais, aqueles que são necessários para crescer até a idade adulta e ter filhos, e em genes ligados a doenças mendelianas, ou seja, ligadas à mutação de um único gene.

Outra descoberta é que as mutações mais antigas têm a tendência de ser menos prejudiciais, e certos genes apresentam apenas mutações mais recentes e danosas, entre eles 12 genes ligados a doenças como a falência de ovário prematura, Alzheimer, endurecimento de artérias cardíacas, e uma forma de paralisia herdada.

Os cientistas também notaram que mutações que afetam genes envolvidos em rotas metabólicas – reações químicas no corpo que geram e armazenam energia – tendem a não ser eliminadas pelas forças da seleção. Metabolismo aberrante contribui para a diabetes, distúrbios lipídicos, obesidade e resistência à insulina, todas doenças modernas.

Mas, apesar de a maior capacidade mutacional resultante do crescimento populacional levar a uma incidência maior de doenças genéticas, há um lado bom: as mutações respondem pela grande variação de traços dos humanos modernos, e elas podem ter criado um novo repositório de variações genéticas vantajosas que a evolução adaptativa pode selecionar em gerações futuras.

O trabalho é o resultado da colaboração entre muitos cientistas genômicos, geneticistas médicos, biólogos moleculares e bioestatísticos na Universidade de Washington, Universidade de Michigan, Colégio de Medicina Baylor em Houston, o Instituto Broad no MIT e Harward, e o Grupo de Trabalho de Genética Populacional. O estudo é parte do Projeto de Sequenciamento Exome do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.

(Hypescience)

Nota: Note que, como prevê o modelo criacionista, a maioria das mutações é deletéria. No entanto, contrariando as evidências, os darwinistas afirmam que as mutações “podem ter criado um novo repositório de variações genéticas vantajosas que a evolução adaptativa pode selecionar em gerações futuras”. Curioso, também, é o fato de que os dados observacionais remontam a poucos milhares de anos. O resto é especulação. [MB]

A ironia Cooper: como a descrença leva à mais profunda idolatria

A série norte-americana The Big Bang Theory apresenta um grupo de jovens adultos cientistas profundamente interessados em questões científicas e existenciais – principalmente as que envolvem super-heróis. Ela foi ao ar entre 24 de setembro de 2007 e 16 de maio de 2019, acumulando 279 episódios e se tornando uma das séries de TV mais longas e bem-sucedidas da história. Seu protagonista é o excêntrico Sheldon Lee Cooper, um doutor em física fascinado pelos mistérios do Universo e estranhamente inclinado a falar mal de engenheiros e astronautas.

Sheldon é o típico cientista ateu que pensa que religião é coisa do passado. Ele e outros ao longo da série falam diversas vezes que “o evolucionismo não é opinião, é um fato”, e que “uma deidade é desnecessária para explicar o Universo”. A mãe de Sheldon, uma religiosa caipira que acredita na criação do Gênesis e aparenta ter alguma devoção a Jesus, sempre é representada como alguém que está muito abaixo da fina percepção científica. No universo de Sheldon, o Big Bang naturalista deixou de ser apenas uma teoria e a palavra “Deus” só pode ser usada se for no contexto de uma piada.

Ironicamente, Sheldon e seus amigos ateus apresentam muitos comportamentos religiosos. Eles passam horas lendo histórias, discutindo sobre qual a “doutrina” científica mais correta relacionada a seus personagens favoritos e se vestindo como seus objetos de adoração. Num mesmo episódio, é possível  ver Sheldon se gabando de que é um ser racional que não precisa de Deus ou da Bíblia e, na cena seguinte, vê-lo vestindo uma fantasia de super-herói ou zumbi. Ele não se mostra nem um pouco interessado em Jesus Cristo, mas, em certo momento, está muito preocupado em demonstrar a que velocidade o Superman deveria voar para resgatar a mocinha que estava caindo de um prédio num filme.

A descrença de Sheldon o levou à busca por outros deuses. Se ele não se sentia uma vítima do pecado, não compreendia a necessidade de um Salvador. Ainda assim, outros vilões não podiam deixá-lo em paz. Assim como todo ser humano, ele sabia da existência do bem e do mal, e entendia (Rm 2:14-16) que precisava de algum sentido (Ec 3:11). Quando os heróis fictícios lhe foram oferecidos, não perdeu tempo em querer se parecer com eles. O que sua mente genial nunca percebeu foi que, assim, se tornou um mero adorador de personagens de ficção – um devoto da mentira de que o homem tem superpoderes.

Num dos episódios da série irmã, Young Sheldon, que apresenta como teria sido a infância e juventude do personagem, ele tenta consolar sua mãe num momento de tristeza. Apresenta-lhe uma série de fatos que conduzem à conclusão lógica de que existe um Criador, falando de como o Universo e a vida parecem ter sido planejados. Isso logo é ofuscado por mais uma piada sobre como ele conseguia manipular os sentimentos dos outros com um punhado de fatos bem pronunciados.

A Bíblia afirma que os céus anunciam a “glória” (Sl 19:1), a “justiça” (Sl 97:6) e a “majestade” de Deus (Sl 8:1). Mesmo seres irracionais (Jó 12:7-10) e crianças de peito (Sl 8:1-2) são invocadas nas Escrituras como testemunhas de que o nome do Senhor é “magnífico em toda a terra” (Sl 8:1, ARA). Os “brilhantes” descrentes, porém, não conseguem ver. Eles sabem que a vida possui todos os sinais de planejamento mas, como Sheldon, acham que a história de um multiverso hipotético é muito mais “científica” – e emocionante, caso usada em roteiros de filmes de super-heróis.

É irônico que a descrença em Deus leve à idolatria de personagens fictícios. Também é irônico que grandes cientistas, personificados na figura de Sheldon Cooper, conheçam a ordem e a harmonia do Universo e mesmo assim não reconheçam o Criador. A maior ironia, porém, é que quem acha tudo isso mais hilário é o próprio Deus. Embora abominem a descrença e a blasfêmia, as Escrituras apresentam alguns momentos em que o Senhor olha para os prepotentes seres humanos que desafiam Sua soberania e os enxerga como uma piada: “Mas Tu zombas deles, ó SENHOR; Tu ris de todos os pagãos” (Sl 59:8, NTLH. Ver Sl 2:1-4; 37:12-13).

A maior piada de todas, muito mais profunda que as encontradas na série de comédia protagonizada por Sheldon, é que todos os que desejam ver para crer terão essa oportunidade – mas aí não será mais tão engraçado…

(Conte ao Mundo)

Quando a Justiça vai contra a Ciência

Uma postagem na internet, que associava a diabetes a parasitas no pâncreas, virou caso de Justiça em São Paulo. Tudo começou quando o nutricionista Andre Luis Lanca, que se denomina “Dr Lanza” nas redes sociais, defendeu desparasitação como tratamento para a síndrome metabólica. Fundadoras do canal de divulgação científica “Nunca vi 1 cientista”, a bióloga Ana Bonassa e a farmacêutica Laura Marise foram condenadas na 1ª Vara do Juizado Especial Cível do estado depois de refutarem a tese do profissional de saúde.

O judiciário paulista condenou as cientistas, em primeira instância, por danos morais. Na sentença, a juíza responsável pela causa alega que as duas devem indenizar Lanca em R$ 1 mil, além de retirar do ar o conteúdo em que o contradiziam.

Em junho de 2023, as pesquisadoras veicularam um “vídeo informativo”, segundo a sentença, nos perfis que mantêm nas redes. Na gravação, Ana explicava o que era a doença e afirmava, “com todas as letras”, que “diabetes não é causada por verme”.

Para a magistrada, o nutricionista foi submetido a “vergonha e tristeza” e teve os dados de sua antiga conta pública no Instagram divulgados “sem autorização” em “rede social de amplo alcance”.

Mais do que isso, consta no documento que a atitude resultou em uma “mancha” na imagem de Andre e, consequentemente, em prejuízos “na venda de seus serviços”.

Entenda o caso

No ano passado, Andre republicou em sua página no Instagram um vídeo do terapeuta holístico Jaime Bruning. Nas imagens, Bruning declarava que as causas da diabetes “são vermes que atacam o pâncreas”.

Junto ao post, Lanca escreveu: “diabetes é verme” e “digite ‘quero’ para conhecer nosso programa completo de desparasitação”. Na legenda, um segundo texto recomendava: “A desparasitação natural mata mais de 100 tipos de vermes, eliminando toda e qualquer possibilidade de doenças! Conheça nosso protocolo e apaixone-se.”

Pouco tempo depois, o “Nunca vi 1 cientista” também lançou um vídeo, em que Ana Bonassa usava como ponto de partida a publicação feita pelo profissional de nutrição

“Esse cara [Andre] bloqueou a gente, porque eu fui lá avisar que o que ele está espalhando é mentira”, contava a bióloga logo nos primeiros segundos, em referência a um comentário feito na postagem de Lanca.

Na sequência, a especialista afirmava que “muitos outros canais” estavam “espalhando a mesma mentira” com o intuito de comercializar protocolos de desparasitação, motivo que a levava a alertar a audiência. Nas redes, ela e Laura acumulam mais de 870 mil seguidores combinados.

“Diabetes é basicamente um problema na sua insulina, que é uma chave que não consegue abrir a porta das células do seu corpo para o açúcar entrar nelas e ser usado como energia”, descrevia a estudiosa.

Ao longo dos quase dois minutos de filmagem, ela não só criticava que fossem estabelecidas relações entre a doença metabólica e os vermes, como detalhava o que pode originar a diabetes e quais os danos dela à saúde.

“É um problema na ação e na quantidade de insulina, ou até ambos. E a consequência é o aumento do açúcar no sangue. Isso causa uma série de problemas, como amputações de membros, cegueira, doença no rins, problema no coração e pode levar à morte. E o que causa isso? São vários fatores, desde a sua genética até o seu estilo de vida. Mas nenhum desses fatores é verme”, reiterava.

Para exemplificar a gravidade da situação, Ana citava um episódio narrador por um seguidor. “Minha mãe acreditou nisso. Eu não consegui convencer minha mãe que não era verdade. A diabetes evoluiu muito e complicou a saúde dela. Poucos meses depois, ela faleceu”, dizia a mensagem recebida pela bióloga.

“Eu sou doutora pela USP, cientista há 16 anos e também divulgadora científica. E eu estou aqui para ajudar vocês a não passarem pelo que esse moço passou. Ele perdeu a mãe, porque ela abandou o tratamento de diabetes e acreditou em protocolo de desparasitação”, advertia Ana nas imagens.

Por fim, Bonassa mencionava que existem vários tratamentos para a diabetes, “que vão ajudar a sua insulina a trabalhar direito, para o açúcar sair do sangue e parar de causar problema”. Apesar disso, repetia a dona do perfil científico, nenhum deles diz respeito à eliminação de parasitas.

“Não existe verme no pâncreas. Se você vir alguém propagando isso, denuncie e bloqueie. Porque isso é desinformação e está chegando forte para vender curso. 100% desses perfis [que estão] falando que doenças são causadas por vermes, estão vendendo curso. Mande esse vídeo para os seus familiares vulneráveis que podem cair em mais esse conto”, recomendava a cientista.

Processo judicial

Juntas, Ana e Laura deram início ao “Nunca vi 1 cientista” em 2018. O projeto de divulgação científica na web, que se limitava ao Facebook e ao Instagram no início da carreira como comunicadoras, foi ganhando visibilidade entre os internautas e se expandiu para outras plataformas.

“O vídeo chegou até a gente por meio dos seguidores, eles nos encaminham muitas coisas”, relembra Marise.

Formada em Ciências Biológicas, Bonassa se dedicou ao estudo da doença no mestrado e no doutorado. Foi a partir dessa bagagem que surgiu a ideia de gravar o conteúdo. “Eu estudei a diabetes academicamente por mais de 16 anos, entendo um pouquinho sobre o tema”, brinca a pesquisadora.

“Primeiro, comentei no perfil dele que aquilo era uma desinformação. Ele apagou o comentário e bloqueou o nosso perfil, nós ficamos sem nenhum tipo de comunicação. Então, resolvi fazer um vídeo explicando o que é a diabetes, quais os perigos de abandonar a medicação e desmitificando o tratamento com vermífugos.”

No dia seguinte, as duas foram surpreendidas como uma notificação extrajudical da equipe jurídica do nutricionista.

“A gente rebateu a intimação com uma contranotificação. Em seguida, ele já entrou com o processo. A gente teve um bom tempo para preparar a defesa. Isso nos levou a pensar que não tínhamos como perder a causa, porque é absurdo do absurdo”, complementa Ana.

Há pouco mais duas semanas, no entanto, a dupla foi avisada de que o pedido de Andre havia sido apreciado pela Justiça, com uma condenação favorável ao nutricionista.

“Apagamos o vídeo original no mesmo dia. Tudo o que comentamos, a partir desse momento, foi uma versão editada, que censura o rosto e os dados dele, porque foi isso que levou a nossa condenação”, justifica a bióloga.

Farmacêutica-bioquímica, Laura conta que não esperavam que o desenrolar dos fatos se desse da maneira como vem ocorrendo e garante que “foi uma grande surpresa”.

— O nosso serviço alertava as pessoas para que elas não caíssem em desinformação. Mas ainda temos a chance de recorrer em segunda instância. Enquanto todos os trâmites do processo tenham sido finalizados, não temos que pagar nada. Nossos advogados estão confiantes que vamos conseguir reverter a decisão — adianta.

Como a colega de trabalho, Ana faz coro ao espanto.

“Nunca imaginei que ele [Andre] iria nos notificar, processar e que, depois, íamos perder o processo. Nós não acusamos ele de nada, não extrapolamos nenhum limite da liberdade de expressão. Também não lucramos em cima disso, o vídeo não teve fins comerciais”, lamenta a bióloga.

Para Laura, a história é “uma inversão de valores”, que ela classifica também como um “duro golpe para a divulgação científica”. A preocupação com que o caso crie precedentes jurídicos diante de situações como essa, assegura, é uma das razões de as duas levarem o fato à público.

“É um precedente extremamente perigoso. Para mim, a frase mais problemática da sentença é a que a juíza diz que o nosso “vídeo informativo” causou prejuízos à venda de serviços dele. Não era essa a ideia? A [ideia] de que a gente expos uma desinformação e um esquema de venda de produtos e protocolos milagrosos, que prejudica a saúde das pessoas. Não era isso que deveria ser valorizado?”

Especializada em Biociências e Biotecnologia aplicada à Farmácia, Laura reforça que foi preciso incluir uma tese cientifica no processo, uma vez que o nutricionista ” tentou sustentar a argumentação de que a diabetes é causada pelo verme”.

“Nós não somos as primeiras, nem seremos as últimas divulgadoras científicas a serem processadas por alguém com ele. Mas falar sobre isso publicamente é importante, para que não se criem jurisprudências que eles vão usar contra todo mundo que tentar desmentir o que eles falam. Isso é muito perigoso, porque todo o combate à desinformação que a gente tenta criar no país vai por água abaixo.”

Ao Tribunal de Justiça de São Paulo, Lanca argumentou que realizou uma denúncia dentro do próprio Instagram em que se opunha “ao uso de sua imagem e dados” na página de Ana e Laura. O pedido, porém, foi negado. Ele acrescenta que, o falecimento citado por Bonassa como exemplo, lhe imputava a “morte de seus clientes e seguidores”.

O nutricionista Andre Luis Lanca e os advogados que o representam no processo foram procurados pela reportagem do GLOBO. Até a publicação desta matéria, não houve respostas. O espaço segue aberto para manifestação.

Entidades se pronunciam

Em conjunto, a Sociedade Brasileira de Diabetes, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Associação Brasileira de Estudo da Obesidade e o Conselho Federal de Nutrição divulgaram uma nota em que defendem que “diabetes não é causado por vermes”.

O Conselho Federal de Farmácia, por sua vez, demonstrou “perplexidade e preocupação” com o acontecimento e demonstrou apoio nominal as duas profissionais de saúde.

O que causa a diabetes?

O Ministério da Saúde afirma que a diabetes “é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo”. De acordo com o glossário “Saúde de A a Z”, disponibilizado no site da pasta, “a insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo”.

As informações divulgadas pelo ministério apontam ainda que a síndrome metabólica “pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos”. Em casos mais graves, pondera o material, a doença “pode levar à morte”.

A publicação do governo federal descreve que a “diabetes mellitus pode se apresentar de diversas formas e possui diversos tipos diferentes. Independente do tipo de diabetes, com aparecimento de qualquer sintoma é fundamental que o paciente procure com urgência o atendimento médico especializado para dar início ao tratamento.”

Confira a nota das entidades na íntegra:

Em virtude da repercussão a respeito da pretensa informação acerca do diabetes ser causado por vermes, as três Sociedades Científicas – SBD, SBEM e ABESO, bem como o CFN – observaram a necessidade de dar esclarecimentos e orientações sobre o tema, dada sua relevância e impacto na vida da população.

O diabetes é uma doença altamente prevalente, atingindo mais de 537 milhões de indivíduos no mundo segundo a Federação Internacional de Diabetes, sendo 20 milhões de brasileiros acometidos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Trata-se de uma condição clínica, crônica e sem cura, que pode ser acompanhada de complicações impactantes, como cegueira, insuficiência renal, amputações de membros inferiores, doenças cardiovasculares, entre outras, levando à mortalidade precoce sobretudo naquelas pessoas com controle inadequado da doença. Portanto, é de suma importância que essas pessoas estejam totalmente engajadas no tratamento adequado.

Têm sido veiculadas matérias na mídia sobre profissionais que defendem a ideia de que vermes estariam envolvidos no surgimento do diabetes, inclusive defendendo e, eventualmente, oferecendo tratamento antiparasitário para suposta cura da doença. Isso é um completo absurdo, sem qualquer embasamento científico. Além de ludibriar a população com informações enganosas, expõem as pessoas com diabetes à possibilidade de abandono dos tratamentos adequados, colocando-as em risco, inclusive de morte.

As Sociedades e o Conselho que aqui assinam este posicionamento reforçam a necessidade de buscar profissionais sérios e comprometidos com a ciência para o tratamento adequado das pessoas com diabetes, evitando práticas oportunistas e equivocadas, muitas vezes visando exclusivamente o lucro em detrimento da saúde desses indivíduos.

Confira a nota do Conselho Federal de Farmácia na íntegra:

O Conselho Federal de Farmácia expressa sua profunda perplexidade e preocupação com a recente condenação em primeira instância das Dras. Ana Bonassa e Laura Marise, responsáveis pelo portal “Nunca Vi 1 Cientista”, conforme amplamente noticiado pelos principais veículos de comunicação. Segundo a compreensão do CFF, o trabalho dessas profissionais, que defendem a Ciência e promovem informações corretas sobre saúde pública, é louvável e essencial para a sociedade.

O CFF acredita que a liberdade de expressão, dentro dos limites legais, é um direito fundamental e que a busca pela verdade científica é um dever de todos os profissionais de saúde. A disseminação de informações incorretas ou não embasadas em evidências científicas sobre questões graves como o diabetes pode ter sérias consequências para a saúde pública.

É importante destacar o papel dos profissionais de saúde na correção de informações errôneas e na promoção da educação em saúde. Ao desmentirem uma postagem que associava o diabetes à presença de vermes, as Dras. Ana Bonassa e Laura Marise estavam cumprindo sua função de maneira ética e responsável.

O CFF considera que ações que impeçam os profissionais de saúde de informar e orientar corretamente a população representam um retrocesso para a saúde pública e um risco para a sociedade, pois podem sinalizar, ainda que não seja essa a intenção, uma tolerância com o obscurantismo e o negacionismo científico.

Diante desse contexto, o CFF:

•⁠ ⁠Manifesta sua solidariedade às Dras. Ana Bonassa e Laura Marise;

•⁠ ⁠Reitera a importância da liberdade de expressão e da busca pela verdade científica;

•⁠ ⁠Reafirma seu compromisso com a promoção da saúde e do bem-estar da população;

•⁠ ⁠Incentiva todos os profissionais de saúde a atuarem com ética e responsabilidade na divulgação de informações sobre saúde.

Esperamos que este caso sirva como um alerta para a necessidade de proteger a liberdade de expressão e o direito à informação, especialmente em questões relacionadas à saúde pública.

(O Globo)

Selo de 2.600 anos: evidência histórica da justiça divina em Jerusalém

Recentemente, o UOL reportou a descoberta arqueológica de um selo (bulla) com 2.600 anos, encontrado em Jerusalém, que traz a inscrição “pertencente a Yeda’yah (filho de) Asayahu” e, surpreendentemente, ainda conserva uma impressão digital – potencialmente do próprio dono. Encontrado por arqueólogos do Temple Mount Sifting Project, esse artefato data do período do Primeiro Templo, na época dos reinados de Josias e sua reforma religiosa.

O nome Asayahu (Asaías) aparece na Bíblia (2 Reis 22:14; 2 Crônicas 34:20) como um dos oficiais enviados por Josias à profetisa Hulda, após o achado do “Livro da Lei”, que anunciava o juízo de Deus por desobediência. A descoberta desse selo – com nome bíblico e possível ligação com a corte real – reforça a veracidade histórica dos relatos bíblicos, evidenciando que as palavras proféticas tinham impacto real na administração do reino. A impressão digital física, intacta por milênios, serve como uma metáfora poderosa: Deus conhece cada um de Seus servos – seus atos e sua identidade.

No contexto criacionista, essa evidência reforça que a Bíblia não é mera literatura, mas um registro histórico confiável, resgatado do caos da terra com precisão divina. Cada selo, cada nome, ressoa uma narrativa espiritual: a justiça de Deus não é abstrata; ela se manifesta em detalhes minuciosos da história terrena. O selo de Yeda’yah nos desafia a considerar que nosso Criador é um Legislador que cumpre Suas promessas – inclusive quando falamos de juízo e restauração. [MB]

Mais sobre arqueologia bíblica (clique aqui).

Onde está Deus em uma equação?

Em 1928, Paul Dirac formulou uma equação que unia relatividade restrita e mecânica quântica. Segundo uma solução de sua equação, uma nova partícula deveria existir. Ela teria propriedades análogas às do elétron, mas com carga oposta – o pósitron – confirmado experimentalmente por Carl Anderson em 1932, a primeira partícula de antimatéria.

A equação de Dirac previu o pósitron antes de qualquer evidência. Ele resumiu esse feito dizendo: “Minha equação é mais inteligente do que eu!” Para Dirac, isso revelava uma verdade matemática presente na própria natureza. Chegou a afirmar: “Deus é um matemático de altíssima ordem, e usou matemática muito avançada na construção do Universo.” Surge então uma pergunta interessante: Como Dirac, um cientista não religioso, poderia associar Deus à sua equação?

Dirac sabia que as equações em física não são apenas combinações de números e letras; elas descrevem leis profundas da natureza. Quando uma equação é formulada, ela não apenas oferece respostas, mas revela a forma como a realidade opera. E, quando suas previsões se confirmam, ela demonstra estar em harmonia com o universo real.

Quando isso acontece, a inteligência presente na equação não apenas se manifesta no cientista que a deduziu, mas revela, em última instância, a inteligência de Alguém que criou a natureza para funcionar segundo leis tão finamente ajustadas que podem ser expressas por expressões matemáticas precisas.

Assim, uma equação física não é apenas uma escrita inteligente: é a ponta de um iceberg de conhecimento matemático muito mais profundo e abrangente — algo que só pode ser explicado adequadamente pela existência de um Criador todo-sábio e todo-poderoso.

Portanto, podemos concluir que uma equação que descreve uma lei da natureza revela Deus de duas maneiras: primeiro, por testemunhar a existência de um Ser que criou a natureza; segundo, por mostrar que esse mesmo Ser criou seres humanos capazes de compreender essa beleza matemática profunda. Por essa razão, podemos dizer que uma equação é a Assinatura de Deus.

(Rafael Christ Lopes, doutor em Cosmologia pela USP)

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