A ironia Cooper: como a descrença leva à mais profunda idolatria

A série norte-americana The Big Bang Theory apresenta um grupo de jovens adultos cientistas profundamente interessados em questões científicas e existenciais – principalmente as que envolvem super-heróis. Ela foi ao ar entre 24 de setembro de 2007 e 16 de maio de 2019, acumulando 279 episódios e se tornando uma das séries de TV mais longas e bem-sucedidas da história. Seu protagonista é o excêntrico Sheldon Lee Cooper, um doutor em física fascinado pelos mistérios do Universo e estranhamente inclinado a falar mal de engenheiros e astronautas.

Sheldon é o típico cientista ateu que pensa que religião é coisa do passado. Ele e outros ao longo da série falam diversas vezes que “o evolucionismo não é opinião, é um fato”, e que “uma deidade é desnecessária para explicar o Universo”. A mãe de Sheldon, uma religiosa caipira que acredita na criação do Gênesis e aparenta ter alguma devoção a Jesus, sempre é representada como alguém que está muito abaixo da fina percepção científica. No universo de Sheldon, o Big Bang naturalista deixou de ser apenas uma teoria e a palavra “Deus” só pode ser usada se for no contexto de uma piada.

Ironicamente, Sheldon e seus amigos ateus apresentam muitos comportamentos religiosos. Eles passam horas lendo histórias, discutindo sobre qual a “doutrina” científica mais correta relacionada a seus personagens favoritos e se vestindo como seus objetos de adoração. Num mesmo episódio, é possível  ver Sheldon se gabando de que é um ser racional que não precisa de Deus ou da Bíblia e, na cena seguinte, vê-lo vestindo uma fantasia de super-herói ou zumbi. Ele não se mostra nem um pouco interessado em Jesus Cristo, mas, em certo momento, está muito preocupado em demonstrar a que velocidade o Superman deveria voar para resgatar a mocinha que estava caindo de um prédio num filme.

A descrença de Sheldon o levou à busca por outros deuses. Se ele não se sentia uma vítima do pecado, não compreendia a necessidade de um Salvador. Ainda assim, outros vilões não podiam deixá-lo em paz. Assim como todo ser humano, ele sabia da existência do bem e do mal, e entendia (Rm 2:14-16) que precisava de algum sentido (Ec 3:11). Quando os heróis fictícios lhe foram oferecidos, não perdeu tempo em querer se parecer com eles. O que sua mente genial nunca percebeu foi que, assim, se tornou um mero adorador de personagens de ficção – um devoto da mentira de que o homem tem superpoderes.

Num dos episódios da série irmã, Young Sheldon, que apresenta como teria sido a infância e juventude do personagem, ele tenta consolar sua mãe num momento de tristeza. Apresenta-lhe uma série de fatos que conduzem à conclusão lógica de que existe um Criador, falando de como o Universo e a vida parecem ter sido planejados. Isso logo é ofuscado por mais uma piada sobre como ele conseguia manipular os sentimentos dos outros com um punhado de fatos bem pronunciados.

A Bíblia afirma que os céus anunciam a “glória” (Sl 19:1), a “justiça” (Sl 97:6) e a “majestade” de Deus (Sl 8:1). Mesmo seres irracionais (Jó 12:7-10) e crianças de peito (Sl 8:1-2) são invocadas nas Escrituras como testemunhas de que o nome do Senhor é “magnífico em toda a terra” (Sl 8:1, ARA). Os “brilhantes” descrentes, porém, não conseguem ver. Eles sabem que a vida possui todos os sinais de planejamento mas, como Sheldon, acham que a história de um multiverso hipotético é muito mais “científica” – e emocionante, caso usada em roteiros de filmes de super-heróis.

É irônico que a descrença em Deus leve à idolatria de personagens fictícios. Também é irônico que grandes cientistas, personificados na figura de Sheldon Cooper, conheçam a ordem e a harmonia do Universo e mesmo assim não reconheçam o Criador. A maior ironia, porém, é que quem acha tudo isso mais hilário é o próprio Deus. Embora abominem a descrença e a blasfêmia, as Escrituras apresentam alguns momentos em que o Senhor olha para os prepotentes seres humanos que desafiam Sua soberania e os enxerga como uma piada: “Mas Tu zombas deles, ó SENHOR; Tu ris de todos os pagãos” (Sl 59:8, NTLH. Ver Sl 2:1-4; 37:12-13).

A maior piada de todas, muito mais profunda que as encontradas na série de comédia protagonizada por Sheldon, é que todos os que desejam ver para crer terão essa oportunidade – mas aí não será mais tão engraçado…

(Conte ao Mundo)

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